O alienígena Venom estreou na telona em 2007, como o vilão de Homem-Aranha 3, com seu hospedeiro Eddie Brock interpretado por Topher Grace (Infiltrado na Klan). Uma década depois, o jornalista fracassado que culpava Peter Parker por sua ruína deixou o herói aracnídeo de lado para reinar sozinho no filme de origem Venom, estrelado pelo mais robusto – de tamanho e de talento – Tom Hardy (O Regresso). A crítica torceu o nariz, mas o público compareceu em massa. Os US$ 100 milhões do orçamento foram cobertos com folga pelos mais de US$ 850 milhões da bilheteria mundial.
Com sinal verde para a continuação, o diretor Ruben Fleischer ficou na produção executiva e passou o bastão para Andy Serkis. Mais conhecido como o intérprete do Gollum de O Senhor dos Anéis e do Ceasar de Planeta dos Macacos, Serkis comanda seu terceiro longa, depois do drama Uma Razão Para Viver e o live-action Mogli: Entre dois Mundos. Este último se aproxima mais do espírito de Venom: Tempo de Carnificina, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta, 7. O filme tem quebrado recordes no mercado internacional. Foi a quarta maior abertura de todos os tempos na Rússia, e faturou mais de US$ 90 milhões na estreia nos Estados Unidos, US$ 10 milhões acima da abertura do original.
Se Venom surgiu como vilão na edição 252 dos quadrinhos The Amazing Spider-Man, publicada em 1984, na jornada solo cinematográfica está mais para anti-herói. Em Tempo de Carnificina, a relação simbiótica com Eddie Brock atingiu o estágio de bromance. O próprio diretor se disse inspirado pelo clássico Um Estranho Casal (1968), com Jack Lemmon e Walter Matthau. Com o detalhe de que aqui não dividem apenas o apartamento, mas o mesmo corpo. Há humor de sobra na disputa por espaço, talvez até demais para o gosto dos fãs raiz do personagem. Assim como a versão de Mogli, o enredo nunca é sombrio a ponto de amedrontar, nem pueril suficiente para menores de 14 anos. Estar em cima do muro não é bom.
Além dos concisos 97 minutos de duração, há um avanço notável em relação ao primeiro no desenvolvimento do vilão. Mérito de Tom Hardy, que pela primeira vez na carreira assina o crédito da história de um filme. Ele escreve junto com a roteirista Kelly Marcel. Na trama, o jornalista investigativo Eddie Brock se vê reabilitado após desbaratar o insosso vilão Carlton Drake (Riz Ahmed, O Som do Silêncio), magnata da ciência que se apoderou dos simbiontes, Venom e Riot entre eles. Sua moral está tão em alta que Brock é chamado para uma entrevista exclusiva com o serial killer Cletus Kasady, que está no corredor da morte. O encontro é a ignição para o implacável simbionte Carnificina se manifestar.
Woody Harrelson (Zumbilândia – Atire Duas Vezes) faz miséria como um psicopata tão cruel quanto faceiro, mas acima de tudo romântico. Sua amada é a bizarra Frances Barrison/Shriek (Naomie Harris, 007 – Sem Tempo Para Morrer). A paixão de Brock também está em cena. Com uma peruca esquisita, Anne Weying (Michelle Williams, Todo o Dinheiro do Mundo) participa ativamente da batalha entre o bem e o mal. Um tantinho previsível? Sim. Não há nada de complexo em Tempo de Carnificina, mas é impossível não torcer para que Brock e Venom acertem os ponteiros e assumam que são muito melhores juntos que separados.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Venom: Tempo de Carnificina/Venom: Let There Be Carnage
Direção: Andy Serkis
Duração: 97 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2021
Elenco: Tom Hardy, Woody Harrelson, Michelle Williams, Naomie Harris, Stephen Graham, Reid Scott, Peggy Lu
Distribuição: Sony Pictures