Mogli: Entre Dois Mundos

Andy Serkis é "o" nome quando se fala da técnica de captura de movimento, aquela que provocou sensação em Avatar, de James Cameron, mas na qual o ator e diretor inglês se tornou o maior intérprete e especialista. É Serkis por trás do Gollum de O Senhor dos Anéis, do Caesar de O Planeta dos Macacos, do capitão Haddock de Tintin, do Líder Supremo Snoke de Star Wars.

Pois agora ele dá vida ao urso Baloo na nova versão de Mogli, personagem criado por Rudyard Kipling na coletânea de contos O Livro da Selva (1894). Serkis é também o diretor da produção da Netflix.

Diferente das duas versões da Disney - a clássica animação musical de 1967 e a caprichada mescla de computação gráfica com live action assinada por Jon Favreau em 2016 -, Mogli: Entre Dois Mundos é uma adaptação mais sombria e fiel ao romance original. Então é bom manter as crianças pequenas à distância. 

O visual é de um realismo arrebatador e a exuberância da floresta é de encher os olhos. O frágil equilíbrio entre o homem e a natureza, assim como o desejo de ser aceito e de pertencer a um grupo são temas que se elevam em uma narrativa envolvente. Mas o tom não é festivo, pelo contrário, há cenas amedrontadoras, como os ataques de Shere Khan e o violento sequestro pelos macacos. 

Além de Serkis, astros consagrados dão voz aos personagens principais. Cate Blanchett é a gigantesca cobra Kaa, Christian Bale faz a pantera Bagheera e Benedict Cumberbatch está assustador como o tigre Shere Khan. Mas quem carrega o filme nas costas e responde pelas cenas de maior emoção é o pequeno Rohan Chand.

Seu Mogli é um menino lobo terno e amoroso, mas também um garoto selvagem e em constante conflito, seja pela rejeição dos "irmãos" lobos ou pela curiosidade em relação à semelhança física com o povo da aldeia que ele espia de longe. Andy Serkis prova aqui que não é apenas mestre na técnica de captura de movimento, é também um cineasta capaz de arrancar belas performances. 

Ficha Técnica

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