terça, 27 de maio de 2025
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Do Sul, a Vingança


Do Sul, a Vingança
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O cinema nacional, muitas vezes, parece ter apenas dois lados e sobram críticas para ambos. Enquanto as comédias mais populares atraem o público, os filmes-cabeça continuam longe do espectador e agradando somente aquele mesmo círculo elitizado. Felizmente, essa briga de “facções” sempre acaba surpreendida por uma obra que se mete neste cabo de guerra. Sem fazer drama, Do Sul, a Vingança é uma comédia ácida de ação, meio “faroestiana”, despojamento de sobra, e aquela pegada do cinema de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino. Bateu curiosidade? Segue a leitura!

Bem-sucedido autor sobre a violência na cidade, Lauriano (Felipe Lourenço) pensa em escrever sobre um político corrupto (Leandro Faria) e segue viagem para uma das tríplices fronteiras do Brasil: Mato Grosso do Sul, Paraguai e Bolívia. Lá, a investigação sobre Jacaré (Espedito Di Montebranco), uma lenda que dita as regras do crime organizado, mergulha o escritor numa espiral de acontecimentos que o colocam no centro de uma sanguinária trama de traição no contrabando de armas. Agora, mais do que conteúdo para seu livro, ele precisará sobreviver ao caos recheado de matadores e rixas locais.

Prestes a completar 50 anos, o Mato Grosso do Sul é presenteado com um filme 100% sul-mato-grossense, que não cansa de tirar sarro da eterna rixa MT-MS. Seja pela simples e repetida verbalização da piada local “do Sul!” (funciona pra quem é de fora) ou pela “complexidade” de personagens típicos da região, Do Sul, a Vingança tem um roteiro leve.

Com o claro objetivo de zoar aspectos históricos e/ou cotidianos da região, a produção carrega no escracho, e ainda homenageia seus famosos, como o poeta Manoel de Barros, curiosamente um cuiabano cidadão campo-grandense (risos), e o eterno Rei da Pornochanchada David Cardoso. Ao flertar com as comédias cearenses de Halder Gomes, como o sucesso Cine Holliúdy (2013) e O Shaolin do Sertão (2016), o diretor Fábio Flecha e sua equipe realizam um filme divertido. Enquanto Gomes usa e abusa do “cearensês”, Flecha acerta ao brincar com os sotaques do Rio, São Paulo e Mato Grosso... do Sul!

Filme de baixo orçamento e alta disposição, a produção tem uma estética pop esculachada e isso, talvez, até ajude um eventual problema no som, que soa artificial, mas pode ser proposital. Com boa trilha sonora e efeitos especiais engraçados, sobram palavrões e frases de efeito nos diálogos, além de citações cinematográficas populares, como Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007).

Tradição local, a violência não falta e é altamente estilizada, seja no preto e branco (flashbacks) ou a cores. Para a turma progressista, ter piada com um “FDP que só perdeu um dedo” ou não mostrar mulheres ou indígenas como eles querem, pode ser objeto de crítica. Para o público que busca entretenimento, Do Sul, a Vingança é diversão pura e sem compromisso com qualquer agenda.




Trailer

Ficha Técnica

Título: Do Sul, a Vingança
Direção: Fábio Flecha
Duração: 107 minutos

País de Produção/Ano: Brasil, 2025
Elenco: Espedito Di Montebranco, Bruno Moser, Felipe Lourenço, Leandro Faria, Luciana Kreutzer, Victor Samudio, David Cardoso, Priscila Godoy
Distribuição: Kolbe Arte

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Roberto Cunha

Roberto Cunha

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Louco por filmes e séries. No caldeirão profissional, trabalhou na Rede Globo, Jornal do Brasil, Rádio Transamérica e Telecine. Foi editor-chefe do AdoroCinema, editor-executivo da revista Preview e membro do Super-Júri JB (Revista Programa). Produziu, escreveu e apresentou o Drops de Cinema na Rádio Cidade e na StereoZero (webradio), ambas do Grupo JB FM, do Rio de Janeiro.