Quem diria que Mulher-Maravilha 1984 seria o blockbuster natalino de 2020! Para uma superprodução anunciada originalmente para junho e adiada três vezes por conta da pandemia, finalmente estrear em dezembro pareceu perfeito por um detalhe: o desfecho do filme é em pleno Natal. E a mensagem edificante é profética, mas chegaremos à ela.
A Warner Bros. não sonhava repetir e muito menos ultrapassar os US$ 820 milhões que Mulher-Maravilha fez mundialmente em 2017, mas merece aplausos por ter estimulado a venda de ingressos e a sobrevivência da tela grande. E quem melhor que a icônica Diana Prince (Gal Gadot) para salvar o mundo novamente? No filme de origem, também dirigido por Patty Jenkins, o palco de batalha foi a Primeira Guerra, onde o escudo, a lança e a corda da verdade não impedem que a protagonista perca seu grande amor, o piloto Steve Trevor (Chris Pine, Legítimo Rei).
Embora seja ambientado em tempos de Guerra Fria, as cores sóbrias dos soldados do primeiro filme dão lugar ao colorido extravagante da moda da década de 80. Tudo é divertidamente over em Mulher-Maravilha 1984, do figurino ao humor à beira do pastelão, e até no perfil caricato dos vilões. A sequência de ação em um shopping center tem ladrões bufões e uma significativa troca de olhares entre a heroína e uma garotinha, maravilhada diante daquela deusa empoderada acabando com a festa dos bandidos. É uma cena brega, assim como todo o filme. Então é bom entrar no clima e aceitar a trama estapafúrdia.
Uma pedra ancestral, com o poder de realizar desejos profundos, traz Steve Trevor de volta à cena. É um reencontro emocionante e uma bela artimanha do roteiro para validar a presença da cara metade de Diana. O artefato também vai transformar a tímida e desajeitada Barbara Minerva (Kristen Wiig, Perdido em Marte) na exuberante e vil Mulher-Leopardo, além de servir aos planos megalomaníacos do empresário picareta Maxwell Lord (Pedro Pascal, Operação Fronteira). Como uma versão alternativa do personagem Grande Irmão (Big Brother) de 1984, clássico da literatura de George Orwell, Lord quer acessar os desejos da população do planeta e dominar o mundo. Mas tudo tem seu preço.
Mulher-Maravilha 1984 não tem a mesma aura de encantamento de Mulher-Maravilha. Nos dois, porém, Diana é guiada pelo amor, pela empatia, e essa generosidade a torna única entre os super-heróis. Ela não enfrenta os nazistas na Primeira Guerra com espírito bélico. Sua missão é pelo bem da humanidade. Aqui não é diferente. A realização de milhões de desejos individuais provoca uma catástrofe global. O paralelo com a pandemia da Covid-19 é inevitável. Para brecar o mal, é preciso pensar na coletividade e abdicar dos próprios desejos pelo amor ao próximo. O recado não pode ser mais claro e, ao final, ver a Mulher-Maravilha na noite de Natal, a observar a neve cair com esperança nos olhos e aquele sorriso lindo no rosto, é um momento simbólico.
Trailer
Ficha Técnica
Título: Mulher-Maravilha 1984/Wonder Woman 1984
Direção: Patty Jenkins
Duração: 151 minutos
País de Produção/Ano: EUA/Reino Unido/Espanha, 2020
Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Kristen Wiig, Pedro Pascal, Robin Wright, Connie Nielsen, Amr Waked
Distribuição: Warner Bros.
Comentar
Comentários (0)