Mostra SP 2023: 360 filmes de 96 países

É preciso ser cinéfilo de fôlego e bolso cheio para acompanhar a 47ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. São cerca de 360 filmes de 96 países, muitos deles premiados nos principais festivais do mundo. A maratona começa nesta quinta, 19 de outubro, depois da abertura oficial na noite de ontem na Cinemateca Brasileira, com a exibição para convidados de Anatomia de uma Queda, de Justine Triet, vencedor da Palma de Ouro em Cannes. O filme está na programação e tem Sandra Hüller (O Homem Ideal) como uma mulher suspeita pela morte do marido, em evento presenciado pelo filho cego.

Até 1º de novembro, amantes da sétima arte podem fazer seu mergulho cinematográfico em 24 salas, espaços culturais e CEUS (Centro Educacionais Unificados) espalhados pela capital paulista. Para os mais caseiros, as plataformas Itaú Cultural Play, Sesc Digital e Spcine Play vão dar acesso gratuito a títulos selecionados. Além do site oficial (47.mostra.org), uma forma fácil de se organizar e escapar das filas é pelo aplicativo Mostra Internacional de Cinema. Cerca de 20 filmes da programação terão recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva ou visual por meio do aplicativo Mobiload.

É sempre grande a expectativa sobre a imagem do cartaz de cada edição, que também inspira a vinheta que abre as atrações. O artista da vez é Michelangelo Antonioni (1912-2007), o cineasta da incomunicabilidade. A ilustração, de 1960, é apenas uma das pinturas do realizador, que recebe uma tripla homenagem. O festival realiza uma retrospectiva com 23 títulos, entre eles A Aventura (1960) e Blow-Up – Depois Daquele Beijo (1966, foto acima); a exposição de arte Pequenos Desenhos em Papel, com 24 pinturas; e, para completar, a leitura de um roteiro inédito, chamado Tecnicamente Doce, que finalmente será filmado, com direção de André Ristum (O Outro Lado do Paraíso).

Da farta seleção, os mais cobiçados ganharam as manchetes na cobertura de festivais. Entre eles Maestro, que concorreu ao Leão de Ouro em Veneza e traz Bradley Cooper de volta à direção depois de Nasce Uma Estrela (2018), na pele do maestro Leonard Bernstein (1918-1990). Indicado à Palma de Ouro e vencedor do Prêmio do Júri em Cannes, Folhas de Outono, do Finlandês Aki Kaurismäki (O Porto), promete emocionar com a história de duas pessoas solitárias que se encontram por acaso na noite de Helsinque.

De Berlim vem o Urso de Ouro, o documentário No Adamant, de Nicolas Philibert, sobre uma embarcação que funciona como centro psiquiátrico em pleno Rio Sena, em Paris, e Afire, que deu o Urso de Prata a Christian Petzold (Em Trânsito). Em nova parceria com Paula Beer, o diretor alemão reúne quatro jovens adultos em uma casa e examina o efeito de um incêndio florestal nas relações. Destaque também para os candidatos a uma vaga no Oscar 2024 de Filme Internacional, como Ervas Secas, do turco Nuri Bilge Ceylan (A Árvore dos Frutos Selvagens), que laureou a atuação da atriz Merve Dizdar em Cannes, e o drama juvenil Excursão, da Bósnia e Herzegovina, com direção de Una Gunjak.

Cerca de 60 longas nacionais compõem a Mostra Brasil, que este ano tem novidade. A Netflix entrega um prêmio pela primeira vez no festival, e a produção nacional eleita será adquirida e exibida pela Netflix em mais de 190 países. Não perca Tia Virgínia, de Fabio Meira (As Duas Irenes), pelo qual Vera Holtz levou o Kikito de melhor atriz em Gramado. Fique de olho também em A Paixão Segundo G.H., de Luiz Fernando Carvalho, baseado no romance de Clarice Lispector. Outro evento inédito é o Domingo Musical, previsto para o dia 22, na Cinemateca. O grupo Demônio da Garoa faz uma roda de samba antes da exibição de Saudosa Maloca, de Pedro Serrano, em que o “Titã” Paulo Miklos interpreta Adoniran Barbosa. Já após a sessão de Meu Sangue Ferve por Você, dirigido por Paulo Machline e estrelado por Filipe Bragança, quem dá o ar da graça e solta a voz é Sidney Magal em pessoa.

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