Moonfall - Ameaça Lunar

Em 1996 foi a invasão alienígena em Independence Day. Em 1998 Godzilla soltou as garras por Nova York. Em 2004 o mundo congelou em O Dia Depois de Amanhã, e no apocalíptico 2012 nem o Cristo Redentor escapou da ruína provocada por desastres ambientais. E quando a gente pensa que o alemão Roland Emmerich não tem mais o que inventar no cinema catástrofe, ele aparece com Moonfall – Ameaça Lunar, de longe sua ideia mais mirabolante – e dura de engolir. Como o colega Michael Bay havia usado um asteroide em Armageddon (1998), Emmerich aciona nosso satélite natural para fazer o estrago. Pois a Lua sai de órbita e entra em rota de colisão com a Terra.

Para reverter a “brincadeira de mau gosto”, o cineasta coloca em cena três clichês ambulantes. Halle Berry (John Wick 3) é Jo, astronauta que assume o comando da NASA quando seu superior foge da raia. Patrick Wilson (Midway – Batalha em Alto-Mar) é Brian, astronauta que passou de herói a persona non grata após um acidente espacial que terminou em tragédia. E John Bradley (Game of Thrones) faz KC, o cientista autodidata que capta o desvio lunar antes de todo mundo. Separada de um militar do alto escalão, Jo lida com a culpa por deixar o filho pequeno aos cuidados da babá enquanto tenta salvar o mundo. Bradley aceita a missão disposto a se reerguer e recuperar o amor do filho rebelde, Sonny (Charlie Plummer, de Palavras nas Paredes do Banheiro). E tudo o que KC quer é provar sua teoria conspiratória e deixar orgulhosa a mãe doente. Não peça mais do que isso no desenvolvimento de personagens.

A narrativa tem dois focos. A trinca principal arrisca a pele no espaço para resolver o problema antes que o governo americano detone bombas nucleares na Lua. Em solo nada firme, Sonny, o filho de Jo e a babá passam pelos mais diversos apuros no trajeto até o bunker onde está pai do menino. Tudo isso com a Lua cada vez mais próxima da Terra e os efeitos catastróficos provocados pelas mudanças na força gravitacional. É a deixa para Emmerich e sua equipe de efeitos especiais se esbaldar com tsunamis, terremotos, explosões e a desgraceira usual. O que faz o espectador suportar, a duras penas, o show de horrores é a curiosidade. Afinal, que força estranha é essa que tirou a Lua do lugar?

Difícil saber o que o diretor e seus parceiros de roteiro, Harald Kloser (2012) e Spenser Cohen (Extinção), tomaram na hora de criar a delirante explicação para tudo o que acontece em Moonfall. Não chega a estragar a surpresa revelar a palavra-chave da teoria de KC: megaestrutura. A maluquice que eles sugerem põe abaixo todas as hipóteses cosmológicas para o Big Bang e o início da nossa civilização. Emmerich, inclusive, bebe na fonte de Contato (1997), de Robert Zemeckis, na abordagem de inteligências avançadas. No final das contas, quem diria, do amontoado de clichês surge uma ideia realmente original.

Ficha Técnica

Garanta seu Ingresso!