Midway - Batalha em Alto-Mar

Roland Emmerich é conhecido como “o mais americano dos cineastas alemães”. Justo. Nenhum outro diretor estrangeiro realizou patriotadas tão escancaradas como os blockbusters Independence Day, O Dia Depois de Amanhã, O Patriota e O Ataque. Curiosamente, em Midway – Batalha em Alto-Mar, Emmerich volta a enaltecer os feitos dos americanos justamente durante a Segunda Guerra Mundial. É verdade, porém, que Hitler e seu Terceiro Reich não estão no quadro diretamente, porque a trama aborda o ataque que deflagrou a entrada dos Estados Unidos no confronto, em 7 de dezembro de 1941.

Em 2001, Michael Bay dirigiu Ben Affleck na ambiciosa recriação do bombardeio da Marinha Imperial Japonesa à base americana em Pearl Harbor. Mas lá se vão quase 20 anos e não seria justo comparar os efeitos especiais diante dos imensos avanços tecnológicos. A novidade é que Midway dá um passo adiante ao dramatizar também a Guerra do Pacífico, a resposta dos americanos ao atentado que destruiu 21 navios, 347 aviões e matou mais de 2400 pessoas. Hollywood já contou essa história em A Batalha de Midway (1976), com Charlton Heston, Henry Fonda e Glenn Ford no elenco. Emmerich conta com nomes como Patrick Wilson, Dennis Quaid, Luke Evans, Ed Skrein, Nick Jonas e Woody Harrelson.

Diferente de Pearl Harbor, que investia em uma trama romântica paralela, o enredo toca superficialmente em questões particulares e se concentra nas estratégias de guerra e na batalha naval e aérea. Além de mostrar a movimentação do lado asiático, Emmerich ressalta a importância do serviço de inteligência norte-americano no planejamento de ataques mais certeiros, já que o país foi pego de surpresa e não tinha o mesmo poderio naval que os japoneses. É na adversidade que nascem os heróis e aqui são os pilotos e seus pequenos aviões que se arriscam, e não raro se sacrificam, para defender o mundo da tirania. Daí não haver um grande protagonista. É um por todos, todos por um.

Emmerich fez um grande filme. As sequências aéreas são espetaculares, embora não alcancem as proezas capitaneadas por Christopher Nolan em Dunkirk (2017). Há muita emoção envolvida nesse que foi um dos períodos mais negros da humanidade, mas é justamente essa palavrinha – humanidade – que ganhou pouco espaço em uma narrativa empenhada em homenagear inúmeros soldados. Midway é um mosaico histórico de valor.

Ficha Técnica

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