Ponto Cego

Ponto Cego é um dos melhores filmes de 2018, que pouca gente viu, mas chegou aos 94% de aprovação no termômetro do popular site Rotten Tomatoes. Produção independente sensação no Festival de Sundance, a estreia do mexicano Carlos López Estrada é produzida, escrita e estrelada por Daveed Diggs (Hamilton) e Rafael Casal (Má Educação). Assim como na vida real, eles interpretam amigos de longa data, naturais de Oakland, na Califórnia.

Seus personagens, Collin e Miles, cresceram regidos pela cultura da violência. Collin está a quatro dias de sair da liberdade condicional para, enfim, tentar recomeçar a vida. Só que o esquentadinho Miles parece fazer questão de tirar o amigo do trilho com seu comportamento errante. Nesse ínterim, Collin testemunha o assassinato de um negro desarmado por um policial branco, e não sabe que posição tomar – denunciar ou ficar distante da polícia.

Descrito assim, parece apenas mais um retrato do racismo e da intolerância. E não deixa de ser, verdade, mas o enredo faz sua crítica social com uma energia incomum, pitadas de humor, romance e diálogos disparados em ritmo de rap e hip hop. As palavras são tapas na cara, gritam a desigualdade e fazem brilhar dois atores que parecem ter na pele a na alma as dores dos protagonistas.

Mas ainda é preciso aplaudir o cineasta, que faz lirismo com engajamento e tira o espectador do sério com uma sequência maestral envolvendo uma criança e uma arma. Carlos López Estrada, vale lembrar, projetou sua consciência social também no mundo animado, ao codirigir Raya e o Último Dragão, a recente produção da Disney, disponível no Disney+.

Ficha Técnica

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