Missão: Impossível - Acerto de Contas 1

Tom Cruise não quer saber de tela pequena. Adiou o lançamento de Top Gun: Maverick (2022) até que o público pudesse voltar aos cinemas após a pandemia de Covid-19. A bilheteria mundial bateu US$ 1,49 bilhão, o maior faturamento da carreira do ator e produtor. Seu desafio em Missão: Impossível – Acerto de Contas - Parte 1 era realizar façanha maior que pilotar um caça F-18. Aos 61 anos, Cruise insiste em dispensar dublês. As primeiras imagens de bastidores do salto de moto de um penhasco deixaram os fãs animados. O cara é louco, mas não está sozinho.

Christopher McQuarrie tem sido seu comparsa desde Operação Valquíria (2008), seja como produtor, roteirista ou diretor. A parceria rendeu sucessos como No Limite do Amanhã (2014), a franquia Jack Reacher, Top Gun: Maverick e, claro, Missão: Impossível, adaptação da famosa série televisiva criada por Bruce Geller em 1966. Acerto de Contas é a sétima aventura de Cruise na pele de Ethan Hunt, 27 anos depois da lendária cena do roubo com o herói suspenso por cordas no primeiro Mission: Impossible.

O acerto de contas é com o passado e os eventos que resultaram na entrada de Hunt para o time da IMF (Impossible Mission Force). Nessas três décadas, ele abdicou da vida pessoal e criou para si uma família de espiões. A inimizade com os russos volta à baila, mas não cai no lugar comum porque o enredo aposta na inteligência artificial como grande vilão. Uma misteriosa tecnologia de IA quer dominar o mundo e a realidade aumentada vai dar trabalho para Hunt e seus fiéis aliados, Luther (Ving Rhames) e Benji (Simon Pegg).

Ao contrário das quase sempre figurativas Bond Girls de 007, aqui as mulheres são agentes de ação. Sensual e maquiavélica em Missão: Impossível - Efeito Fallout (2018), a traficante de armas Viúva Branca (Vanessa Kirby) está de volta e quer lucrar com o arsenal virtual. Com um olhar insano, Pom Klementieff (Guardiões da Galáxia) estreia na franquia como a assassina Paris, e tem um corpo a corpo pauleira com Hunt. Do lado do bem, Rebecca Ferguson banha a tela com a perspicácia e elegância da agente Ilsa. E o interesse romântico da vez é Grace (Hayley Atwell, de Capitão América), uma ladra cheia de manhas, porém sem noção do quilate de mocinhos e bandidos com que irá lidar.

Entre flertes, lutas e perseguições, é com ela que Hunt protagoniza uma das sequências mais eletrizantes. Algemados um ao outro, eles tentam despistar a amalucada Paris pelas ruas de Roma, a bordo de um Fiat 500. Já a parada em Veneza tem pancadaria, tiroteio, emoção e reviravolta. A questão é que, apesar da trama envolvente e das engenhosas proezas, passada a queda livre com moto do desfiladeiro na Noruega, fica a sensação de um incômodo “ok, então é isso?”.

Como Tom Cruise de bobo não tem nada, a cereja do bolo foi mantida em segredo. O filme fecha as 2h43min de duração com a fenomenal e já antológica cena do trem. Só vendo. Números do site Box Office Mojo confirmam a bilheteria mundial superior a US$ 570 milhões. A estreia próxima de Barbie e Oppenheimer pode ter barrado a escalada para o bilhão. 

“Minha vida inteira eu quis fazer filmes. Queria viajar pelo mundo, queria aventura”, disse o astro no discurso de agradecimento ao prêmio que recebeu este ano do Sindicato dos Produtores dos EUA (PGA, na sigla em inglês). “Quero agradecer ao público a quem sirvo por me permitir entretê-lo, e prometo que farei tudo o que posso para atingir esse objetivo.” Acerto de Contas - Parte 2 estreia em 2024. Vai saber o que vão inventar para o fechamento da saga.

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