Com mais de US$ 1,4 bilhão na bilheteria mundial, Top Gun: Maverick é o maior sucesso da carreira de Tom Cruise. Para quem viu o original, Top Gun: Ases Indomáveis, em 1986, a continuação é mais do que uma experiência de entretenimento nostálgico. É a comprovação de que o carisma daquele jovem de então 24 anos, que chamara atenção na comédia romântica Negócio Arriscado (1983), continua intacto aos 60 anos.
Cruise é hoje um dos maiores defensores da telona. Top Gun: Maverick estava pronto havia dois anos, mas lançar direto em streaming estava fora de cogitação. A decisão foi esperar a pandemia de coronavírus ceder até que o público pudesse voltar aos cinemas e se deleitar com a superprodução em toda a sua magnitude. É para garantir a autenticidade que o ator e produtor se recusa a usar dublês. Se o tornozelo fraturado no salto entre dois prédios nas filmagens de Missão Impossível 6 deixou as seguradoras da Paramount Pictures em polvorosa, imagine a dor de cabeça quando ele avisou que pilotaria os caças F-18 nas absurdas cenas aéreas do novo Top Gun. Vale a pena ver ou rever Ases Indomáveis, disponível on demand, porque a continuação é uma grande homenagem ao original.
Das músicas à cenas clássicas com nova roupagem, Maverick retoma a história 36 anos depois, com Pete "Maverick" Mitchell desacreditado. O projeto de um novo caça é desativado e ele só escapa da aposentadoria porque Tom "Iceman" Kazansky, agora Comandante da Frota do Pacífico, decreta seu retorno como instrutor à escola de pilotos de elite Top Gun, onde um dia eles foram rivais. O reencontro dos personagens é a sequência mais emocionante, porque Val Kilmer, intérprete de Ice, recupera-se de um câncer na garganta e sua fragilidade física é comovente.
A missão do novo esquadrão de pilotos é quase suicida, e envolve uma usina nuclear em território inimigo e de difícil acesso. O enredo central praticamente se repete, inclusive na rixa entre dois ases indomáveis: o arrogante Jake “Hangman” Seresin (Glen Powell) e o boa praça Bradley “Rooster” Bradshaw (Miles Teller). Porém com um adendo. Este último é o filho de Goose, o melhor amigo que Maverick não conseguiu salvar, e que será a ponte do protagonista com o traumático passado. O romance desta vez é com Penny (Jennifer Connelly, linda!), a atual dona do famoso bar onde os militares se encontram. Embora bacaninha, a canção tema “Hold My Hand”, de Lady Gaga, não se compara a inesquecível balada “Take My Breath Away”, da banda Berlin.
Além do conflito pessoal, Maverick precisa convencer o superior vivido por Jon Hamm que sua estratégia do voo é a única viável para a operação. Numa sequência aérea que nasce antológica, ele prova que seu espírito rebelde continua intacto. Por tabela, Cruise realiza manobras tão sensacionais que não à toa mira o espaço para sua nova empreitada – em parceria com a Tesla. O filme é dedicado a Tony Scott, diretor do original, morto em 2012. Quem assume a batuta é Joseph Kosinski, que dirigiu Cruise na ficção científica Oblivion, e Jennifer e Teller em Homens de Coragem, sobre uma trupe de bombeiros, ambos com ótimas cenas de ação. Mas aqui as façanhas visuais estão em outro nível.
Com quase 50 filmes nas costas e três vezes indicado ao Oscar - por Nascido em 4 de Julho, Jerry Maguire – A Grande Virada e Magnólia -, Tom Cruise vive um momento iluminado. Top Gun: Maverick teve noite de gala com muitos aplausos no Festival de Cannes, e o astro ainda foi surpreendido com uma Palma de Ouro honorária pela carreira. Ano que vem tem mais cinema espetáculo com a Parte 1 de Missão: Impossível – Acerto de Contas. Para Cruise, o céu definitivamente não é o limite.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Top Gun: Maverick
Direção: Joseph Kosinski
Duração: 131 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA/China, 2022
Elenco: Tom Cruise, Jennifer Connelly, Miles Teller, Val Kilmer, Jon Hamm, Ed Harris, Charles Parnell, Glen Powell, Monica Barbaro, Lewis Pullman
Distribuição: Paramount Pictures