Música a Bordo

O grupo Fisherman’s Friends (Amigos do Pescador) estourou em 2010, lançou três discos ao longo da década, e figura entre os seletos artistas a se apresentar para a Rainha Elizabeth, honraria máxima entre os britânicos. Tudo isso por acaso, já que os pescadores da pequena vila litorânea de Port Isaac, na Cornualha, península à sudeste da Inglaterra, costumavam cantar músicas folclóricas da região no barco durante o trabalho e, esporadicamente, no pub local para angariar fundos para uma ou outra ação solidária da comunidade. 

Música a Bordo conta a trajetória do grupo e de seus cantores, do porto em que trabalhavam – e cantavam – à gravação do primeiro álbum pelo selo Universal, o primeiro de música folk britânica a ser hit entre os Top 10 das paradas de sucesso. Se a narrativa segue o padrão do gênero de filmes biográficos, a história inusitada, os personagens adoráveis e seu talento coletivo, que nem eles próprios sabiam ser tão virtuoso, envolvem o espectador num abraço caloroso, embalado pelas canções mais populares dos Fisherman’s Friends.

É o solitário e desajeitado Danny (Daniel Mays, 1917) o responsável pela descoberta do grupo, na verdade involuntária. Ele e seus dois amigos, todos funcionários de uma gravadora londrina, vão passar o final de semana na idílica Cornualha, e se surpreendem ao assistir a uma apresentação informal dos pescadores. Danny fica encarregado de assinar um contrato com eles, sem saber que se tratava de uma brincadeira dos colegas.

Quando descobre o embuste, ele já se comprometeu com o líder desconfiado do grupo, Jim (James Purefoy, série Altered Carbon), seu pai otimista Jago (David Hayman, O Menino do Pijama Listrado) e o mais jovem da turma, Rowan (Sam Swainsbury). E mais: está de namoro com a filha de Jim, Alwyn (Tuppence Middleton, Mank), mãe-solteira e professora dedicada a preservar as tradições centenárias da vila.

O encontro de Danny não apenas com os pescadores e Alwyn, mas com o estilo de vida mais pacato, simples, afetivo, funciona como contraponto aos valores rasos e à agitação da vida urbana em Londres. E assim, com um elenco talentoso e afinado, alguns bons toques de humor, no mesmo registro singelo do cotidiano dos pescadores cantores de Port Isaac, o diretor Chris Foggin (Amor Rebelde) faz de Música a Bordo um filme despretensioso, mas com charme e encanto próprios.

Ficha Técnica

Assista Agora!