Baseada nos quadrinhos da inglesa Alice Oseman, a série Heartstopper já é um fenômeno. Levantamento realizado entre a estreia, em 22 de abril, e 10 de maio, mostra que a produção da Netflix bateu os 7 milhões de tweets no mundo. Os brasileiros foram os que mais twittaram sobre a atração, com 2,3 milhões de postagens, seguidos por norte-americanos e filipinos. A hashtag #RenewHeartstopper (RenoveHeartstopper) está entre as mais populares do País. O romance adolescente com temática LGBTQIA+ é o “primo ingênuo e otimista” de Euphoria. Se cada episódio da esplêndida série da HBO MAX é um soco no estômago, o que o espectador recebe em Heartstopper são afagos carinhosos.
O personagem Charlie Spring (o estreante Joe Locke) apareceu no primeiro romance de Alice Oseman, Um Ano Solitário, lançado em 2015. Ele era o irmão caçula da protagonista, Tori (Jenny Walser). Nos quadrinhos o foco sempre foi nele, e assim é na adaptação. Charlie tem sofrido bullying pesado na escola de meninos, desde que se assumiu gay. Seu crush é Nick Nelson (Kit Connor, Rocketman), colega de classe popular, cobiçado e do time de rúgbi, que tem questionado a própria heterossexualidade. A relação que nasce entre eles vai incomodar muita gente.
Os primeiros quadrinhos de Heartstopper foram lançados on-line, para depois chegar ao impresso, em quatro volumes. Hoje com 27 anos, Alice não só é criadora da série, como escreveu ela mesma o roteiro dos 8 episódios. São curtinhos, com cerca de 30 minutos, ótimos para maratonar. É verdade, contudo, que o universo adolescente que ela retrata não escapa dos clichês, com figuras estereotipadas como o bullie homofóbico e o amigo ciumento. Mas a atenção com a diversidade e a representatividade é notável e natural, sem espírito lacrador. A personagem Elle (Yasmin Finney), por exemplo, é uma garota transsexual, que agora frequenta a escola exclusiva de meninas, onde trava amizade com duas lésbicas.
Alunos dos dois colégios, masculino e feminino, então em constante contato. É a rotina dessa moçada, em fase de busca pela identidade, que o diretor britânico Euros Lyn (Doctor Who) capta pelo prisma da inocência. Cenas de sexo, nem pensar. É beijinho e olhe lá. A relação com os pais também ganha espaço, e o que vemos em cena é exemplo de amor e compreensão. Destaque aí para a presença da oscarizada Olivia Colman (A Filha Perdida) no papel da mãe de Nick. Alice Oseman expande o universo dos quadrinhos ao trazer novos personagens e se aprofundar na história de coadjuvantes. Também capricha no visual, com inserções gráficas de animações que tornam Heartstoppers ainda mais leve e lúdica.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Heartstopper
Direção: Euros Lyn
Duração: 30 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Reino Unido, 2022
Elenco: Joe Locke, Kit Connor, Yasmin Finney, William Gao, Cormac Hyde-Corrin, Tobie Donovan, Rhea Norwood, Olivia Colman, Sebastian Croft
Distribuição: Netflix