terça, 21 de março de 2023
Cinema Drama

Entre Mulheres


Entre Mulheres
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Um grupo de mulheres, entre idosas, jovens e crianças, reúne-se em um celeiro. São membros de uma comunidade patriarcal, conservadora, religiosa e isolada do mundo de 2010. Elas têm dois dias para tomar uma decisão. É o tempo em que os homens estarão fora para tirar da prisão os agressores que as tem dopado e estuprado no calar da noite. O destino será decidido em uma votação com três opções: não fazer nada, ficar e lutar, partir.

Entre Mulheres

A escolha será debatida ponto a ponto, daí o título original Women Talking (Mulheres Falando). Esse diálogo é a matéria-prima de Entre Mulheres, que concorreu ao Oscar de melhor filme e deu a estatueta de roteiro adaptado à também diretora Sarah Polley (Longe Dela). Há algo de fabular nos relatos, argumentos, indagações e discussões que dão corpo a uma cartilha de opressão. A situação, contudo, de fantasiosa não tem nada. A cineasta adapta o romance de Miriam Toews, baseado na história real de estupros em série cometidos em uma comunidade menonita na Bolívia, entre 2005 e 2009.

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Esse movimento do cristianismo evangélico tem suas raízes na Europa do século 16. É tão absurdamente retrógrado que testa os limites do bom senso. Quem comprou os direitos do livro foi Frances McDormand (Nomadland), quatro vezes vencedora do Oscar, que aqui assina como produtora e faz uma contundente participação. Interpreta a aldeã mais controversa, que pleiteia o perdão aos estupradores como exercício de fé e garantia de lugar no céu. “Com certeza deve ter alguma coisa para valer a pena viver nesta vida, não só na próxima”, retruca a personagem de Rooney Mara (O Beco do Pesadelo), que vota pela partida.

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O confronto de ideias não pretende armar um painel de horrores. Isso é pouco. A cineasta e seu grande elenco feminino esquadrinham os pilares daquela sociedade sustentada pela privação da liberdade. O cárcere patriarcal ergue-se pela violência física e intelectual. A pregação religiosa alimenta o medo. Os homens explicavam o sangue e os machucados com os quais elas acordavam como castigos de Deus e demônios por supostos pecados. A falta de instrução limita o pensamento e a autonomia. Elas não aprendiam a ler nem escrever.

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O único homem adulto de quem se vê o rosto é o professor vivido por Ben Whishaw (007- Sem Tempo Para Morrer), que tem empatia pelas mulheres e cuja mãe deixou a colônia anos atrás. Ele é o responsável por tecer a minuta da votação com os prós e contras de cada opção, e deve cuidar para que o documento fique para a posteridade. A educação cura. Elas sabem disso e depositam nele a responsabilidade de fazer com que os meninos da comunidade evoluam como seres humanos.

Entre Mulheres

Entre Mulheres pede atenção aos pormenores. A fotografia de cores opacas coloca esse estranho mundo na esquina da realidade, os figurinos remetem ao passado, enquanto a canção “Daydream Believer”, da banda sessentista The Monkees, anuncia a modernidade. Da reunião no celeiro brota a possibilidade. “Ter esperança no desconhecido é bom. É melhor do que ter ódio do conhecido”, pondera uma das moças que defende a partida. Disse tudo.




Trailer

Ficha Técnica

Título: Entre Mulheres/Women Talking
Direção: Sarah Polley
Duração: 104 minutos

País de Produção/Ano: EUA, 2022
Elenco: Rooney Mara, Claire Foy, Jessie Buckley, Judith Ivey, Ben Whishaw, Frances McDormand
Distribuição: Universal Pictures

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Suzana Uchôa Itiberê

Suzana Uchôa Itiberê

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Cinéfila incorrigível, jornalista de plantão, crítica de cinema (não muito) chatinha e editora caprichosa. Cria do jornal O Estado de S. Paulo, trabalhou nas revistas TVA, Set, Istoé Gente e foi cofundadora da revista Preview. Membro da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).

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