Em menos de duas semanas nos cinemas, Duna: Parte 2 já alcançou quase 85% da arrecadação total do primeiro filme, que bateu os US$ 430 milhões no mundo. A bilheteria sorriu, crítica e público também, com 95% de aprovação no site Rotten Tomatoes. Não é preciso ser conhecedor da saga literária escrita por Frank Herbert (1920-1986). Basta gostar de ficção científica e assistir ao primeiro capítulo de Duna, disponível nas plataformas de streaming.
Duna: Parte 2 é uma experiência cinematográfica majestosa, principalmente em IMAX. No primeiro, o diretor Denis Villeneuve se debruçou sobre o rito de passagem de Paul Atreides (Timothée Chalamet), de inocente herdeiro do trono do planeta Caladan a candidato a Messias salvador da galáxia. O ano é 10191 e os governantes, sempre eles, disputam o controle de Arrakis, ou Duna. É o único planeta do universo a ter em seu arenoso solo uma poderosa especiaria que expande a percepção e permite que os navegadores tracem rotas estelares. Basicamente, é condição sine qua non para o comércio.
Vale lembrar que os nativos de Duna, os Fremen, foram colonizados e vivem refugiados no árido deserto, onde nenhuma gota de água é desperdiçada. Mais de 500 páginas não foram suficientes para Frank Herbert narrar o imbróglio, que rendeu outros cinco volumes. A adaptação de Villeneuve será uma trilogia. Depois de sobreviver à batalha com os Harkonnen, Paul e a mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), estão sob a proteção de Stilgar (Javier Bardem), líder da principal tribo Fremen.
Esse é o cenário da Parte 2. O herói está mais próximo da guerreira Chani (Zendaya) e consciente de sua responsabilidade no destino do mundo. Lady Jessica, membro da ordem das poderosas paranormais Bene Gesserit, está obcecada em emplacar o filhote como o Profeta. E Stilgar está à beira do fanatismo religioso que pode provocar um racha entre os Fremen. Villeneuve abre alas para Christopher Walken e Florence Pugh como o imperador Padishah e a filha, princesa Irulan. Mas quem rouba a cena é Austin Butler, que desencarna de Elvis e renasce como o sádico Feyd-Rautha, da linhagem Harkonnen e maior adversário de Paul.
A sanha por poder do primeiro capítulo estende suas garras à religião. Não há maiores complexidades narrativas. É no esmero imagético da construção de mundos e na intensidade das atuações que Villeneuve faz de Duna uma obra monumental. Ele já havia realizado façanhas visuais nas ficções A Chegada e Blade Runner 2049, e volta a usar a contemplação como aliada dramática. A câmera percorre sem pressa a paisagem desértica de Duna, se infiltra pelos interiores do palácio dos Harkonnen e dos subterrâneos aquáticos dos Fremen. O mergulho sensorial atinge o ápice em closes dos personagens, que agigantam os sentimentos. Difícil é sair do cinema e dar de cara com o planeta Terra.
Trailer
Ficha Técnica
Título: Duna: Parte 2, Dune: Part 2
Direção: Denis Villeneuve
Duração: 166 minutos
País de Produção/Ano: EUA, Canadá, Emirados Árabes Unidos e outros, 2024
Elenco: Timothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson, Javier Bardem, Austin Butler, Florence Pugh, Christopher Walken
Distribuição: Warner Bros. Pictures