O lançamento coladinho da minissérie documental da Netflix e do filme estrelado por Zac Efron, Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal, não é coincidência. Além serem dirigidas por Joe Berlinger, as produções chegam nos 30 anos da execução de Ted Bundy na cadeira elétrica. Na telona, Zac Efron e Lilly Collins protagonizam a adaptação do livro da ex-namorada do serial killer, a mãe solteira Elizabeth Kendall, que custou a crer que o homem que a ajudava na criação da filha pequena era o mesmo que trucidou mais de 30 mulheres em seis estados americanos. Em quatro episódios, Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy faz uma abordagem mais ampla e imparcial, a partir das mais de 100 horas de gravações que dois jornalistas fizeram com o condenado no corredor da morte.
É pela voz calma do próprio Ted Bundy que conhecemos sua infância e adolescência, as aspirações políticas e o desejo de ser alguém importante – a presidência dos Estados Unidos não estava descartada. Quando o entrevistador toca no tema dos crimes, porém, Bundy se torna evasivo e desinteressado. O pulo do gato foi apostar na vaidade do prisioneiro, que estudou psicologia antes de cursar a faculdade de Direito. O jornalista pede a Bundy que faça uma análise psicológica do assassino, de seus métodos e motivações. É aterrador ver a desenvoltura com que o serial killer passa a falar de si mesmo na terceira pessoa e, sem se dar conta, expor sua face macabra.
O diretor Berlinger costura essas conversas com inúmeras imagens de arquivo, que incluem vídeos e fotos caseiras, entrevistas com amigos e familiares, até a cobertura midiática da investigação dos crimes, das fugas mirabolantes e do julgamento, o primeiro a ser televisionado. Galã charmoso e inteligente, Bundy tinha uma legião de fãs que preferia acreditar em suas veementes alegações de inocência. No tribunal, porém, a plateia feminina foi confrontada com imagens horripilantes das vítimas, espancadas, estupradas, mortas e retalhadas. Bundy praticava necrofilia e cortava a cabeça das jovens, como um troféu.
Um ser maligno emerge desse amálgama de vozes e imagens. Raiva, ansiedade, baixa autoestima, egocentrismo e um obscuro desejo de vingança ganham formas nítidas no decorrer dos episódios. Chamam atenção os precários recursos da polícia forense, que hoje solucionaria os crimes com fios de cabelo e testes de DNA. Impossível ficar indiferente, também, diante das revelações que o condenado faz nas horas que antecedem sua execução. É assustador.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy/Conversations with a Killer: The Ted Bundy Tapes
Direção: Joe Berlinger
Duração: 50 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2019
Elenco: Ted Bundy, Stephen Michaud, Hugh Aynesworth, Bob Keppel, Kathleen McChesney
Distribuição: Netflix