Chegou a hora de mergulhar em Aquaman 2 – O Reino Perdido, 15º filme do Universo Estendido DC (DCEU). Anunciado como último dessa fase, precisava cumprir a missão (impossível) de superar US$ 1,1 bilhão de Aquaman (2018). Ficou nos US$ 434 milhões, mas tem o recorde de ser a quarta produção da DC em um mesmo ano. As outras foram Shazam! Fúria dos Deuses (US$ 133 milhões), The Flash (US$ 270 milhões) e Besouro Azul (US$ 129 milhões).
Nos bastidores, os respingos causados pelo escândalo da suposta violência doméstica promovido por Amber Heard contra Johnny Depp (vencedor do processo) fizeram o estúdio anunciar cortes de cenas da personagem dela. Fora do oceano de dólares e brigas de astros, em terra firme existe a curiosidade dos fãs do herói e daqueles cansados do UL (Universo da Lacração) que tem dominado a maioria das produções de Hollywood.
Arthur Curry (Jason Momoa) dá sinais de cansaço ao tentar conciliar a vida de pai e rei de Atlântida. Entediado entre trocas de fraldas e reuniões políticas chatíssimas com os pares submarinos, Aquaman liga o alerta com uma nova ameaça. Disposto a vingar-se pela morte do pai, o vilão Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) retorna com uma misteriosa e poderosa arma, que promete afetar a humanidade e o povo submarino. Diante de tamanho perigo, Atlanna (Nicole Kidman), Nereus (Dolph Lundgren) e Mera (Amber Heard) juntam-se ao Rei dos Mares, que formará ainda uma inesperada aliança com aquele que foi preso e teve seu poder destituído: seu meio-irmão Orm (Patrick Wilson), o Mestre dos Oceanos.
Escrito por David Leslie Johnson-McGoldrick (Aquaman e Fúria de Titãs 2), o roteiro de Aquaman and the Lost Kingdom (título original) é simples e até didático para quem não viu o primeiro filme. Tendo como pano de fundo o aquecimento global, a história envolve uma fonte de energia, uma maldição, o tal reino perdido do título e tudo ligado a ele. O texto aborda o drama e a vilania familiar, e contém bastante humor (com direito a tirada de sarro da Marvel), mas funcionará para quem está com o riso fácil. As eventuais cenas cortadas de Mera não são perceptíveis e o herói macho (haja lacração), mais uma vez, é salvo por ela.
Com algumas pontas soltas, costuradas por uma edição frenética, a trama é bem dirigida por James Wan, que pilotou o primeiro longa do herói atlante e Velozes & Furiosos 7 (2015). Como esperado, são muitos os combates. Para dar volume, a força da trilha sonora é indispensável. O compositor Rupert Gregson-Williams é o mesmo de Aquaman, mas seu currículo ainda raso faz com que invista em um clássico do Steppenwolf, música tema do igualmente clássico Sem Destino (1969). Assim, “Born to Be Wild” chega a ser tocada mais de uma vez.
Visualmente, existe beleza e potencial para deslumbrar, mas tem momentos que causam estranheza. Não só do ponto de vista estético, mas da criatividade. É gritante a semelhança entre personagens e sequências de ação do mundo submarino com o universo Star Wars (Jabba the Hutt, tiros e armas luminosas, veículos AT-AT). Parece extrapolar a simples referência. O mesmo pode-se dizer sobre o gestual de uma arma submarina e o do Doutor Octopus da Marvel.
Esse tipo de situação só reforça uma desconfortável sensação de mais do mesmo, algo que com frequência (e redundância) se repete nos últimos anos e tem afetado a bilheteria. Aquaman 2 – O Reino Perdido é leve, diverte e o personagem/ator estão soltinhos em cena, a ponto do herói quase não ter importância tamanha é sua “fragilidade”. Assim, não seria estranho se o título nadasse para morrer na praia. Sobre cena pós-créditos, ela existe e os cinéfilos de plantão podem até pensar que tem dedo da produtora Happy Madison, de Adam Sandler.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Aquaman 2: O Reino Perdido / Aquaman and the Lost Kingdom
Direção: James Wan
Duração: 124 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália, Islândia, 2023
Elenco: Jason Momoa, Patrick Wilson, Yahya Abdul-Mateen II, Nicole Kidman, Dolph Lundgren, Martim Short, Amber Heard, Randall Park
Distribuição: Warner Bros. Pictures Brasil