4x100 - Correndo por um Sonho

Nunca antes as mulheres brasileiras foram tão protagonistas em uma Olimpíada. Em menor número na delegação, até o momento da produção deste texto elas subiram 7 vezes ao pódio, com 3 ouros, 2 pratas e 2 bronzes. E quanta emoção proporcionaram em cada vitória. No atletismo, não avançanmos nas provas de revezamento 4X100m feminino, mas também há batalha por medalhas na modalidade em 4X100 – Correndo por Um Sonho, de Tomás Portella (Operações Especiais).

Filmada antes da pandemia, a produção é ambientada às vésperas e durante os jogos na Tóquio de 2020, a data oficial antes dos adiamentos. Mas a trama abre durante a Olímpiada Rio 2016, com uma derrota que abala a vida das atletas também fora das pistas. A mais afetada é Adriana (Thalita Carauta, Divino Amor), que viu sua carreira ruir e agora paga as contas em lutas de MMA. Quem prejudicou a equipe foi Maria Lúcia (Fernanda de Freitas, Malu de Bicicleta), que escondeu um mal estar e correu sem ter condições. Embora afetada psicologicamente pelo episódio, ela continua a brilhar no atletismo e na mídia, uma situação que só aumenta o rancor de Adriana.

Às duas antagonistas unem-se a veterana Rita (Roberta Alonso), a novata Bia (Priscila Steinman, Maria do Caritó) e a experiente Jaciara (Cintia Rosa). É com muito custo que o técnico Victor (Augusto Madeira, série Os Ausentes) convence Adriana a voltar a treinar para ajudar a equipe na luta por uma vaga em Tóquio. Através da convivência e da rotina dessas cinco mulheres o cineasta coloca na mesa questões relacionadas ao esporte – e à vida –, como senso de coletividade, perseverança, superação, amizade, perdão, redenção e até machismo e uso do doping.

4X100 tem formato “sessão da tarde”, com drama bem dosado e um elenco empenhado que seguiu um preparo de atletas profissionais para dar autenticidade às cenas na pista. As imagens de uma Tóquio sem máscaras e sem medo da Covid-19, com estádios lotados e aquela vibração contagiante da plateia, fazem lamentar a esvaziada Tóquio 2020 do mundo real, realizada com atraso neste 2021. Apesar do enredo previsível, o diretor e seu time de guerreiras fazem a gente torcer e se emocionar. Já valeu.

Ficha Técnica

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