O ano é 2027. Na Constituição, o Brasil continua como um Estado laico, mas os evangélicos ditam as regras. O Carnaval foi substituído por raves gospel e os fiéis têm até drive thrus de oração. Esse é o cenário futurista proposto pelo diretor Gabriel Marcaro em Divino Amor, que teve passagem pelos festivais de Sundance e Berlim.
Polêmico, provocador e com cenas de sexo quase explícito, o filme segue o estilo que Mascaro imprimiu nos premiados Boi Neon (2015) e Ventos de Agosto (2014). Dira Paes interpreta Joana, uma escrivã de cartório que usa sua posição para tentar ajudar casais que a procuram para entrar com pedido de divórcio. Isso inclui a terapia religiosa do grupo Divino Amor, e nas sessões Joana coloca o próprio corpo à serviço de seu projeto pessoal de radicalizar a agenda conservadora de manutenção da família cristã.
Essa doação a Deus, porém, ainda não lhe rendeu a dádiva maior: um filho. Julio Machado faz Danilo, o marido que se sujeita a tratamentos alternativos para conseguir engravidar a esposa. A dinâmica da protagonista em casa e no trabalho forma o motor narrativo, porém o ritmo é lento.
Mascaro disse que escreveu o roteiro anos antes da eleição de Jair Bolsonaro para a presidência, mas sua distopia está mais atual que nunca. Difícil prever a reação da bancada evangélica diante dos métodos de reaproximação nada ortodoxos usados pelos casais no grupo Divino Amor. A chamada da produção é “Quem ama não trai, quem ama divide”. Então assista e tire as próprias conclusões... O debate está aberto.
Mais: Confira a seguir a entrevista com o diretor Gabriel Mascaro e a protagonista, Dira Paes.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Divino Amor
Direção: Gabriel Mascaro
Duração: 101 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Brasil, 2019
Elenco: Dira Paes, Julio Machado, EmÃlio de Mello, Teca Pereira, Mariana Nunes, Thalita Carauta, Tuna Dwek
Distribuição: Vitrine