Representante da França no Oscar 2019, Memórias da Dor traz para a tela grande não só as palavras, mas a persona da francesa Marguerite Duras (1914-1996), romancista, poetisa, dramaturga, roteirista e cineasta – uma das grandes vozes femininas da literatura do século 20. A adaptação de A Dor, romance autobiográfico lançado em 1985, é um mergulho discreto, porém avassalador, na possibilidade do luto.
Na França ocupada por nazistas, Marguerite (Mélanie Thierry) busca pistas do paradeiro do marido, Robert Antelme, um dos líderes da Resistência. A narração em off de trechos do livro embebem a produção no misto de angústia e desespero que toma a protagonista. Os cabeças do movimento não veem com bons olhos a aproximação entre ela e Pierre (Benoît Magimel), um agente francês da Gestapo e fã assumido da escritora. Para Marguerite, no entanto, vale tudo para descobrir em que prisão e em que estado físico se encontra Antelme.
Outra figura masculina fundamental nesse período foi o escritor Dionys Mascolo (Benjamin Biolay), também membro da resistência e (bem) mais que um ombro amigo de Marguerite. Não há, contudo, clima para romance no filme. Com a invasão aliada e a iminente derrota alemã, ela precisa lidar não só com informações desconexas sobre o retorno do marido, mas com a revelação dos escabrosos campos de concentração.
O diretor e roteirista Emmanuel Finkiel se debruça sem pressa sobre o romance original. Seleciona extratos intimistas, que ganham significado na voz suave da atriz Mélanie. Mas também faz bom uso da linguagem cinematográfica e arma situações em que Marguerite vê a si mesma, como a autora que observa sua personagem. É um recurso criativo, que por vezes afasta uma certa morosidade que pode desanimar o espectador.
Trailer
Ficha Técnica
Título: Memórias da Dor/La Douleur
Direção: Emmanuel Finkiel
Duração: 127 minutos
País de Produção/Ano: França/Bélgica/Suíça, 2017
Elenco: Mélanie Thierry, Benoît Magimel, Benjamin Biolay, Grégorie Leprince-Ringuet
Distribuição: Imovision
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