Às vezes, algumas situações nos desafiam a confiar em uma força superior para transformar a realidade. Há quem a chame de milagre, outros de coragem, determinação ou mesmo resiliência, mas ninguém duvida da força da fé, aquela que move montanhas.
Foi essa força que fez com que a família Beam, de Milagres do Paraíso, não medisse esforços para tratar a grave doença de sua filha do meio. No caso do sofrido Mack, de A Cabana, sua fé está abalada por uma perda trágica, mas um grupo muito especial vai tentar restaurá-la. Já o soldado Desmon Doss, do premiado Até o Último Homem, deixou-se guiar por sua fé inabalável para salvar dezenas de feridos numa das batalhas mais sangrentas da Segunda Guerra.
Certamente, é essa mesma fé que dá forças aos profissionais de saúde de todo o mundo, que se arriscam no combate à pandemia do coronavírus. Que Deus os proteja.
(por Fátima Gigliotti e Suzana Uchôa Itiberê)
Drama

Milagres do ParaÃso/Miracles From Heaven
Por Suzana Uchôa Itiberê
Milagres no Paraíso segue a mesma linha pregadora de produções como O Jovem Messias (2016) e Deus Não Está Morto (2014), mas a história real em que se baseia é emocionante. Filha do meio de uma família muito religiosa do Texas, Anna Beam (Kylie Rogers) adoece subitamente e o prognóstico não podia ser pior. A pequena sofre de uma doença grave que afeta a motilidade do intestino e não há remédio.
A mãe, Christy (Jennifer Garner, Com Amor, Simon), leva a garota ao médico fera na área, mas não há muito o que fazer – a não ser rezar. Explicar a razão de ser do título é estragar a grande revelação dessa trama previsível. E dizer que o desfecho não é intrigante seria hipocrisia. O enredo é baseado no livro escrito por Christy Beam e aborda os conflitos da mãe, que questiona a própria fé diante do sofrimento da filha.
Em entrevistas na época da estreia, Christy disse que “Escrever foi um processo catártico, uma forma de superar o que havia passado, além de transmitir uma mensagem de esperança”. Quem dirige é Patricia Riggen, a mesma que recriou o drama dos mineiros chilenos em Os 33 (2015). De provocar comoção ela entende, e Jennifer Garner está entregue na pele dessa mãe desesperada. Não precisa nem dizer que é um melodrama daqueles, então é bom deixar o lencinho ao lado. Mas a mensagem é, sim, enternecedora.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Milagres do ParaÃso/Miracles From Heaven
Direção: Patricia Riggen
Duração: 109 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2016
Elenco: Jennifer Garner, Kylie Rogers, Martin Henderson
Distribuição: Sony Pictures
Guerra Drama

Até o Último Homem/Hacksaw Ridge
Por Fátima Gigliotti
Vencedor de dois Oscar em 2017 (edição e mixagem de som), além das indicações a melhor filme, diretor, ator e edição de som, Até o Último Homem conta a incrível história real de Desmond Doss (1919-2006). Quando os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra, o jovem Doss (Andrew Garfield, Uma Razão Para Viver) se alistou como socorrista do exército. Membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, fez todo o treinamento militar, mas se recusou a pegar em armas. Estava decidido ir à guerra desarmado e não matar.
Hostilizado e perseguido pelos colegas de pelotão, precisou brigar pelo direito de servir nas trincheiras de acordo com sua fé e seus princípios. Conseguiu, afinal, e foi enviado para a batalha contra os japoneses na ilha de Okinawa. Em 29 de abril de 1945, Doss realizou uma façanha fenomenal e se tornou o primeiro opositor declarado da guerra a ganhar a Medalha de Honra do Congresso.
Até o Último Homem recria seu feito com a grandiosidade das produções dirigidas por Mel Gibson (Coração Valente). São cenas poderosas e o cineasta explora como poucos o uso de lança-chamas para atingir os bunkers dos japoneses. A fotografia do combate é esfumaçada, com a câmera rente aos personagens. O efeito é sensorial.
Embora seja um épico de guerra, é a crença indelével do protagonista em Deus que o diferencia de tantos filmes do gênero. Seus atos heroicos foram guiados por uma força que ele sempre disse saber de onde vinha. No filme, Doss defende sua presença pacífica no front: “Com o mundo tão determinado a se partir em pedaços, não me parece tão ruim querer juntar alguns deles, pelo menos, de novo”.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Até o Último Homem/Hacksaw Ridge
Direção: Mel Gibson
Duração: 139 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2016
Elenco: Andrew Garfield, Sam Worthington, Vince Vaughn, Hugo Weaving, Rachel Griffiths, Teresa Palmer, Luke Bracey
Distribuição: Diamond Films
Drama

A Cabana/The Shack
Por Suzana Uchôa Itiberê
Quem nunca se sentiu desamparado, querendo colo? E não seria incrível fazer uma sessão de terapia literalmente divina? Essa ideia transformou A Cabana em um fenômeno literário. Lançado em 2007 nos Estados Unidos, o romance de William P. Young vendeu mais de 20 milhões de exemplares e ganhou os cinemas em uma produção caprichada.
Conta a história de Mack (Sam Worthington, Fratura) e sua incapacidade de superar a perda da filha pequena, raptada durante um acampamento de fim de semana e nunca encontrada. Sinais de que ela teria sido violentada e morta são achados em uma cabana nas montanhas. É nessa mesma cabana que, três anos depois, Mack tem um encontro com a Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que o recebem em suas formas humanas – Octavia Spencer (Expresso do Amanhã) dá corpo a Deus.
É autoajuda, não dá para negar, mas também um bem-vindo convite à reflexão sobre temas que não tocam só quem é religioso. O perdão, a culpa, o ressentimento, a raiva, o ódio e, acima de tudo, o amor estão em debate. A Cabana pode ter seus momentos piegas, mas aborda a fé com uma mensagem reconfortante. Em tempo: na Netflix está disponível o documentário A Cabana e Seus Segredos, em que o autor do best-seller investiga como é ter fé mesmo diante de uma grande tragédia.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: A Cabana/The Shack
Direção: Stuart Hazeldine
Duração: 132 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2017
Elenco: Sam Worthington, Octavia Spencer, Tim McGraw
Distribuição: Paris Filmes