Águas Profundas

Ben Affleck e Ana de Armas se apaixonaram nas filmagens de Águas Profundas, novidade da Prime Video. O namoro durou menos de dois anos, e todo mundo sabe que o astro reatou com Jennifer Lopez. Mexerico de bastidores à parte, o sensual thriller psicológio marca o retorno de Adrian Lyne duas décadas depois de Infidelidade. Aos 81 anos, ele dirige a adaptação do romance homônimo de Patricia Highsmith (1921-1995), clássica autora de Pacto Sinistro e O Talentoso Ripley – filmados por Alfred Hitchcock e Anthony Minghella, respectivamente.  

Publicado em 1957, o livro conta a história do casal Vic e Melinda Van Allen. Para evitar o divórcio da esposa, bem mais jovem, ele assiste calado às traições. Até que um dos amantes desaparece. No filme, Vic se aposentou precocemente após fazer milhões com um chip localizador para drones. Um criadouro de caramujos é seu hobby, cuidar da filha pequena, um prazer, e realizar festas na mansão, uma rotina. Já Melinda é uma mãe impaciente, também adora promover eventos e está sempre em busca de novos “amigos”. Há tensão no ar, que aumenta quando Vic diz ao atual affair da mulher que matou o anterior. Brincadeira ou verdade?

Os roteiristas Zach Helm (Mais Estranho que Ficção) e Sam Levinson (criador da série Euphoria) desenham um jogo perverso de manipulação e sedução, a ponto de o espectador se perguntar se os Van Allen têm algum pacto psicótico em andamento. Pena que o mistério se revele em um desfecho anticlímax. Affleck (Bar Doce Lar) e Ana (Entre Facas e Segredos) têm química e protagonizam cenas quentes, mas Águas Profundas é um dos filmes mais comportados de Adrian Lyne. São apenas 9 longas em 42 anos de carreira. Com exceção do drama musical Flashdance (1983) e do terror Alucinações do Passado (1990), Lyne se especializou em investigar complicadas relações amorosas, sempre sob a lente do suspense.

O polêmico drama sadomasoquista 9 ½ Semanas de Amor (1986) ficou 30 meses em cartaz no Cine Belas Artes, em São Paulo. Depois veio o sexo no elevador de Atração Fatal (1987), a Proposta Indecente (1993) de Robert Redford para transar com Demi Moore, a obsessão pedófila de Lolita (1997), e, como indica o título, Richard Gere traído em Infidelidade (2002). Apesar da qualidade da produção e da ousadia temática, o cinema de Adrian Lyne nunca foi denso. Elencos estelares, cenários e figurinos caprichados, fotografias estilosas, trilhas sonoras pop. Com Águas Profundas não é diferente. Um embrulho de luxo para uma peça de entretenimento sem maiores pretensões. Tá valendo.

Ficha Técnica

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