Bar Doce Lar

Ben Affleck. É por ele que vale a pena assistir a Bar Doce Lar. A estreia da Prime Video é a segunda parceria do astro com George Clooney, dez anos depois de Argo, que ambos produziram e venceu o Oscar 2013 de melhor filme. Affleck é novamente o protagonista, mas agora passa a batuta para as mãos de Clooney, elogiado por Boa Noite e Boa Sorte e Tudo pelo Poder, que entrega sua obra mais açucarada. Bar Doce Lar adapta o livro de memórias de J.R. Moehringer, que relembra o crescer com a mãe solteira na caótica casa do avô, onde encontrou no tio uma figura paterna singular. Barman solteirão e de bem com a vida, o tio Charlie rendeu a Affleck indicações ao Globo de Ouro e ao SAG (sindicato dos atores). 

A revelação Daniel Ranieri faz J.R. na infância e Ty Sheridan (Jogador Nº 1) assume o protagonista na juventude. É 1973 e o garoto tem seus 10 anos quando a mãe (Lily Rabe, Fratura) se vê obrigada a voltar para a casa do pai (Christopher Lloyd, De Volta para o Futuro) em Long Island, no estado de Nova York. Enquanto ela lamenta, o solitário J.R. comemora a rotina naquele casarão em eterno entre e sai de parentes. Mas é no bar do tio, o The Dickens, uma homenagem ao escritor inglês Charles Dickens, que o protagonista encontra refúgio e a divertida mentoria de como ser um homem do bem. “Jamais bata em uma mulher, mesmo que ela te ataque com uma tesoura”, ensina o tio Charlie.

É também no The Dickens que J.R. se maravilha com as dezenas de livros que disputam espaço nas prateleiras com as bebidas. Ele sabe que se quiser realizar o “sonho impossível” da mãe de vê-lo estudar na renomada Yale, terá de ser um aluno brilhante, e recebe de bom grado dicas de leitura de Charlie. Nenhum dos sábios conselhos do tio impedem, porém, que sua versão juvenil se apaixone perdidamente pela colega de escola Sidney (Briana Middleton), e enfrente inúmeros episódios de rejeição. Ainda mais conturbada é a relação de J.R. com o pai (Max Martini), radialista que o abandonou ainda bebê e que se tornou apenas a voz que ele houve diariamente.

A fase de descobertas infantis é infinitamente mais envolvente que os tediosos desencontros amorosos na juventude. Ainda assim, o enredo examina com sensibilidade o papel das lacunas emocionais na construção do J.R. Moehringer romancista e jornalista vencedor do Pulitzer. Ben Affleck, por sua vez, usa as memórias do próprio pai em seus dias de barman nos anos 1980 como insumo para tornar autêntico um dos melhores personagens de sua carreira. Bar Doce Lar narra um rito de passagem convencional, mas o diretor Clooney arranca uma atuação inesquecível de Affleck. 

Ficha Técnica

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