Obra-prima que se preze tem que ser atemporal, um filme ao qual podemos sempre voltar e reencontrar nele novos encantos e sentidos. Wall-E, a nona animação da Pixar, merecidamente coberta de prêmios, dentre eles o Oscar 2009 de melhor animação, é assim. A saga futurista do robozinho solitário, por 700 anos encarregado de limpar o lixo que os humanos produziram a ponto de destruir o planeta, parece ainda mais adorável e, estranhamente, profética.
O diretor Andrew Stanton (Procurando Nemo) estava especialmente inspirado ao escrever o roteiro, em parceria com Jim Reardon (WiFi Ralph: Quebrando a Internet). Cercou-se de uma equipe matadora, que rendeu seis indicações ao Oscar, e trouxe até o diretor de fotografia Roger Deakins (Oscar por 1917 e Blade Runner 2049) como consultor para calibrar as câmeras virtuais e não-virtuais, já que Wall-E foi o primeiro filme da Pixar a ter cenas live-action.

Wall-E tem momentos de ópera visual, cinema puro, com seus diálogos minimalistas e exuberantes imagens e movimentos de câmera. Os primeiros 30 minutos são de arrepiar. A panorâmica pela Terra devastada, tomada pelo lixo. A “casa” cheia de souvenirs nostálgicos de tempos mais alegres, onde Wall-E descansa após seu árduo trabalho embalado pelas canções do musical Alô, Dolly! (1969). O encontro com o robô Eve, em sua viagem de rotina para procurar alguma espécie de vida no planeta, por quem Wall-E se apaixona ao som de La Vie em Rose, na clássica gravação de Louis Armstrong.
Eve acha a muda de uma plantinha guardada por Wall-E, que pode desviar o destino incerto dos humanos de volta à Terra. O casal terá uma aventura caótica para cumprir sua missão, em meio aos sobreviventes obesos e hipnotizados pela tecnologia, que há sete séculos habitam a aeronave Axioma. Mas há tempo para uma das mais lindas sequências da história da animação, o balé espacial de Wall-E e Eve ao som da inspirada trilha sonora de Thomas Newman (007 - Operação Skyfall).

Quando os belíssimos créditos finais recontam a história da humanidade com obras de arte, nos resta um profundo suspiro. Não apenas pela beleza e emoção chaplinianas, ou por seu comovente apelo ecológico, ou ainda pela simpatia incômoda de robôs parecerem mais humanos que os humanos, mas pela esperança que anuncia.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Wall-E
Direção: Andrew Stanton
Duração: 98 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2008
Elenco: Com as vozes originais de, Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin
Distribuição: Disney






