Três imperdíveis do Festival Filmelier

A ideia é ótima, e a programação também. Até o dia 10 de maio, cinéfilos de 24 cidades vão poder assistir a 20 filmes recentes e inéditos no País. O Festival Filmelier no Cinema quer atrair o público de volta à tela grande, em um circuito que inclui salas independentes como Petra Belas Artes e Reserva Cultural, em São Paulo, e redes como Cinemark, Kinoplex e Cinépolis. São produções de 18 países dos cinco continentes, que estrearam em festivais do porte de Sundance, Toronto, Cannes e Veneza.

O cardápio é dos mais ecléticos. Tem o astro francês Omar Sy (Lupin) no drama de guerra Herói de Sangue, por exemplo, e o novo da diretora britânica Phyllida Lloyd (Mamma Mia!), que em O Lugar da Esperança fala de recomeços e relações abusivas. Atenção também para Tesla: O Homem Elétrico, com Ethan Hawke na pele do inventor e cientista Nikola Tesla (1856-1943). Para quem quiser algo mais caliente há um romance erótico direto da Suíça, 99 Luas de Paixão. OQVER selecionou outras três atrações para começar a maratona. Se o nível se mantiver, será um grande festival.

O primeiro é Sem Ursos, vencedor do Prêmio Especial do Júri em Veneza 2022. O diretor iraniano Jafar Panahi faz uma versão de si mesmo em novo ataque à repressão do governo de seu país. Ele chegou a ser preso, fez greve de fome e foi solto sob fiança em fevereiro deste ano. Há um humor inusitado em vê-lo como um cineasta autoexilado em uma região fronteiriça, de onde dirige remotamente seu novo longa, rodado em Teerã. E o faz pela tela do computador, quando a conexão da internet assim permite.

Na trama, dois casos de amor são afetados pelo regime. O filme dentro do filme é sobre um casal à espera de passaportes falsos para fugir. Já no vilarejo, Panahi se vê no centro de uma polêmica que envolve a estranha tradição de se prometer uma mulher em casamento no nascimento, ao presentear o futuro noivo com o cordão umbilical. Sem tirar o pé da realidade, o diretor trabalha no terreno do absurdo para aliviar, na medida do possível, o horror da situação.

Também imperdível, Noite do Dia 12 ganhou seis César 2023 (o Oscar francês), entre eles os de melhor filme e direção, para Dominik Moll. É thriller policial e começa com a morte de uma jovem. Será o primeiro caso de Yohan (Bastien Bouillon, O Mistério de Henri Pick) no comando da equipe, após a aposentadoria do chefe.

Sua obsessão em identificar o assassino e a convivência com os parceiros de investigação moldam um contundente discurso humanista. A estrutura de uma sociedade machista, que julga mais do que protege a mulher, aflora em diálogos potentes de um roteiro, também premiado, que não cessa de surpreender.

Outra pérola da seleção vem da Holanda e já fica o aviso: deixe o lencinho ao lado. Além do Tempo é um drama romântico que mergulha fundo no âmago dos protagonistas em dois momentos da vida. Nos anos 1980, Johanna e Lucas vivem um grande amor, interrompido por uma tragédia durante viagem de veleiro pelo Atlântico. O reencontro acontece mais de 35 anos depois, e é deflagrado com um tapa dela na cara dele.

O diretor Theu Boermans se inspira em história real e examina o efeito do tempo em feridas impossíveis de cicatrizar. Interessante como a questão da maturidade é enfocada também pela relação das versões de Johanna e Lucas na juventude e na meia-idade com seus respectivos pais. Na reta final, um segredo do passado aumenta a comoção, que já não é pouca. Espie o trailer abaixo e clique no botão de acesso ao site do Festival Filmelier, onde está a programação completa e o canal de compra de ingressos. 

Ficha Técnica

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