domingo, 01 de junho de 2025
Streaming Drama Biografia

Sergio


Sergio
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Netflix

Wagner Moura (Trash: A Esperança Vem do Lixo) disse que os brasileiros deveriam saber quem foi o carioca Sergio Vieira de Mello (1948-2003), e que o filme que estrela sobre ele é uma grande oportunidade. Está certíssimo. Sergio emociona tanto quem já conhece como quem é apresentado ao diplomata mais bem-sucedido do Brasil. A direção é de Greg Barker, premiado documentarista que estreia na ficção justamente com uma dramatização do seu documentário Sergio, lançado em 2009 e também disponível na Netflix.

Sergio Vieira de Mello ocupou o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Entre os anos 1970 e 1990, atuou em países com acirrados conflitos políticos como Sudão, Moçambique, Bangladesh, Peru, Camboja e Bósnia. Chefiou a transição democrática no Timor Leste no início dos anos 2000 e estava cotado para substituir o então secretário-geral Kofi Annan no comando da ONU. Foi quando aceitou, a contragosto, a missão de colaborar na reorganização do Iraque após a queda de Saddam Hussein. No dia 19 de agosto de 2003, foi vítima de um ataque a bomba da organização extremista Al-Qaeda, e morreu junto de 21 funcionários na sede da ONU em Bagdá.  

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Greg Barker narra essa trajetória com riqueza de detalhes no documentário, que levou o prêmio de melhor edição no Festival de Sundance. Costura impressionantes imagens do atentado e de outros momentos históricos de Sergio com comoventes relatos, entre eles da economista argentina Carolina Larriera, sua companheira na época, e dos dois socorristas do exército que tentaram resgatá-lo dos escombros e estiveram a seu lado até o fim. Ambos os filmes são baseados no livro O Homem que Queria Salvar o Mundo: Uma Biografia de Sergio Vieira de Mello, de Samantha Power, mas o roteiro de Craig Borten (indicado ao Oscar por Clube de Compras Dallas) deu à ficção um viés mais pessoal e íntimo.

Daí o problema. Ao colocar em primeiro plano a personalidade carismática do diplomata (Wagner Moura) e o romance com Carolina (Ana de Armas, Entre Facas e Segredos), o enredo relega ao posto de coadjuvante o real motivo de o filme existir. Moura e Ana estão em sintonia e não deixam dúvidas de que o novo amor deflagrou inúmeras mudanças em Sergio, como o desejo de se casar novamente e levar uma vida mais calma e acadêmica no Rio de Janeiro. Mas perder tempo precioso com cenas românticas banais – a de sexo é forçadíssima – diminui inclusive a potência dramática das horas que o diplomata passou nos escombros, à espera de um resgate eficiente que nunca veio.

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A trama se constrói a partir das lembranças de Sergio no aguardo do socorro. Esse recurso narrativo se desdobra com agilidade num vai-e-vem de tempos, lugares e missões diplomáticas dele pelo mundo, embora a Praia do Arpoador da sua cidade maravilhosa fosse seu porto seguro. O personagem de Gil Loescher (Brían F. O'Byrne), seu principal assistente, embora seja um amálgama de importantes colegas de trabalho, estava de fato com ele nos escombros e seu salvamento é um dos poucos alentos da tragédia. O relato de Gil também é destaque no documentário, que vale assistir logo em seguida e é melhor que o filme.




Trailer

Ficha Técnica

Título: Sergio
Direção: Greg Barker
Duração: 118 minutos

País de Produção/Ano: EUA, 2020
Elenco: Wagner Moura, Ana de Armas, Brían F. O Byrne, Garret Dillahunt, Clemens Schick, Gaby Pichon, Will Dalton, Bradley Whitford
Distribuição: Netflix

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Fátima Gigliotti

Fátima Gigliotti

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Cinéfila incorrigível, jornalista, editora, professora (não muito), crítica (chatinha) de cinema e audiovisual. Trabalhou no jornal A Folha de São Paulo, na coleção Cinemateca Veja, nas revistas TVA, Ver Vídeo, Set, Querida e Preview.