A assessoria de imprensa da Sony Pictures me preparou antes da exibição de Se a Rua Beale Falasse: “Leva o lencinho porque você vai chorar”. A reação, porém, foi outra. Fiquei tão travada com a resiliência dos protagonistas que não me achei no direito de derramar lágrimas. Preferi compartilhar a dor da revolta.
O diretor Barry Jenkins é o mesmo de Moonlight: Sob a Luz do Luar, que tirou o Oscar de melhor filme de La La Land na antológica cerimônia de 2017. Desta vez ele concorreu pelo roteiro, inspirado em romance de James Baldwin, polêmico ícone da luta pelos direitos civis nos anos 1960. É um texto melodramático e a trilha sonora (também indicada à estatueta) contribui com notas fortes.
O racismo volta à luz, agora ancorado em um amor inocente e verdadeiro. Tish (Kiki Layne) e Fonny (Stephan James) são inseparáveis desde a infância. Quando os hormônios entram em ebulição, ela engravida, só que anuncia a novidade ao amado através de um vidro - Fonny acaba de ser preso injustamente pelo estupro de uma mulher branca.
A luta para provar a inocência do rapaz movimenta a trama e abre espaço para Regina King brilhar como Sharon, a mãe de Tish. Era a favorita ao Oscar de atriz coadjuvante e levou a estatueta. São de Sharon as palavras de apoio à jovem gestante, assim como as verdades jogadas na cara da arrogante e despeitada mãe de Fonny. É Sharon, também, que se arrisca ao sair a campo atrás da testemunha que pode solucionar o caso.
Barry Jenkins não faz concessões. Se a Rua Beale Falasse é triste, duro, realista e, lamentavelmente, muito atual.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Se a Rua Beale Falasse/If Beale Street Could Talk
Direção: Barry Jenkins
Duração: 120 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2018
Elenco: Kiki Layne, Stephan James, Regina King, Colman Domingo, Michael Beach, Diego Luna
Distribuição: Sony