A recente explosão no Líbano deixou Beirute destroçada e as dramáticas imagens dos escombros e da luta dos socorristas para encontrar alguém com vida vêm à mente ao assistir a O Terremoto de Spitak. A produção que representou a Armênia no Oscar 2019 de filme estrangeiro recria outra tragédia, desta vez por causas naturais, mas cujas perdas humanas e materiais foram ainda mais devastadoras. O que está em pauta, porém, são as lições que se tira de experiências traumáticas – e isso vale para tudo.
A região armênia de Spitak era parte da União Soviética em 7 de dezembro de 1988, quando foi atingida por um tremor de 7,2 na Escala Richter. O saldo: cerca de 25 mil mortos, 140 mil inválidos, 500 mil desabrigados. O diretor russo Aleksander Kott explora o drama pessoal de Ghor (Lernik Harutyunyan), nascido e crescido ali, mas que deixou para trás mulher e filha pequena para se aventurar em Moscou ao lado da amante. Seu caminho de volta para casa será pela dor, pois ele vai imediatamente a Spitak para descobrir o que restou de sua família.
Não é spoiler dizer que mãe e filha estão sob os escombros, pois a luta delas para sobreviver corre em paralelo aos esforços desesperados do protagonista para encontrá-las. É uma busca que se inicia egoísta, mas esse homem passa a ter outra perspectiva da vida diante do sofrimento das vítimas e do extenuante trabalho de médicos, militares e voluntários naquele cenário desastroso.
A jornada de redenção de Ghor é comovente o suficiente para segurar O Terremoto de Spitak. Pena que o enredo se desfoque com a presença de uma fotógrafa francesa (Joséphine Japy, Amor à Segunda Vista), que provoca a ira da população ao tirar fotos sensacionalistas. A questão da ética aqui fica no vácuo em meio à devastação.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: O Terremoto de Spitak/Spitak
Direção: Aleksander Kott
Duração: 98 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Armênia/Rússia, 2018
Elenco: Lernik Harutyunyan, Joséphine Japy, Aleksandr Kuznetsov, Hermine Stepanyan, Alexandra Politic
Distribuição: Elite Filmes