O Conde de Monte Cristo

Depois do sucesso de Os Três Mosqueteiros (2023), os roteiristas Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte assumem a direção e adaptam outra obra do romancista e dramaturgo francês Alexandre Dumas (1802-1870). Se a aventura dos Mosqueteiros foi dividida em duas partes, D’Artagnan e Milady, a saga de Edmond Dantès rende um envolvente épico de quase três horas de duração. “Nossa paixão é pela obra do Dumas”, diz Delaporte, que esteve no Brasil em novembro, para a apresentação do filme no Festival Varilux de Cinema Francês. “Ler seus livros é como mergulhar em roteiros cinematográficos, com tramas envolventes e personagens icônicos como os Mosqueteiros, o Conde de Monte Cristo e a Rainha Margot.”

O cineasta não poupa elogios ao ator Pierre Niney, que interpreta o protagonista com vigor. Alvo de uma armadilha, Edmond Dantès é preso injustamente no dia de seu casamento. Ele escapa catorze anos depois e encontra o tesouro que financia sua vingança, sob a identidade do conde do título. “A busca de Niney pelo personagem passou por diversas tentativas, muitas frustradas, especialmente na maquiagem”, revela Delaporte. “Depois dessa etapa, ele mergulhou nos gestos e na voz, até o momento em que surgiu no set como o Conde”. O comprometimento foi tão profundo que, na pós-produção, Niney não conseguia ajustar diálogos em dublagem sem estar fisicamente caracterizado como o personagem 

Patrick Mille dá vida a Danglars, um dos conspiradores responsáveis por lançar Edmond Dantès ao abismo, mas sua atuação não é maniqueísta. “No caso de Danglars, me permiti imaginar sua infância e juventude, algo que não está no romance”, explica. “Para compreender suas crueldades, considerei seus atos como reflexo de abusos que ele poderia ter sofrido como jovem corsário naqueles navios.” Na trama, movido pela inveja de ter perdido o posto de capitão para Dantès, Danglars não hesita em agir de forma inescrupulosa para eliminá-lo do caminho.

Apesar da grandiosidade da produção, Patrick Mille destaca a camaradagem que marcou a dinâmica do elenco. “Formamos uma espécie de trupe teatral, com o elenco sempre junto durante todo o período das filmagens”, conta o ator. O diretor Delaporte complementa que dessa união surgiu a intensidade emocional presente na obra. “O filme é um grande afresco, mas não abre mão da intimidade”, afirma.

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