Maria do Caritó nasceu no teatro, em 2010, com texto de Newton Moreno escrito especialmente para Lilia Cabral. Muito popular no nordeste do País, a expressão “ficar no caritó” significa estar encalhada e, nas palavras da própria atriz, “intocada”. Pois assim é a personagem, uma solteirona virgem, de seus 50 anos, que não desistiu de viver um amor. Maria veio ao mundo em um parto difícil, o pai pediu milagre e prometeu sua vida a São Djalminha. A comunidade da pequena e fictícia cidade nordestina acredita que ela faz milagres, e o pai, o pároco e o coronel local querem lucrar em cima da pobre, que de santa não tem nada.
Depois de cinco anos nos palcos, a peça ganha adaptação do próprio Newton Moreno, em parceria com José Carvalho, e direção do estreante em longas João Paulo Jabur. Na trama, a chegada de uma trupe circense reascende a esperança em Maria, que fica encantada pelo trapezista (Gustavo Vaz), e ela conta com o apoio da amiga Fininha (Kelzy Ecard) para conquistar o rapaz. Maria do Caritó é um filme delicado, talvez até demais. Fala de emancipação feminina e sororidade, mas a ingenuidade da protagonista parece deslocada do mundo real.
Lilia já havia levado aos cinemas Divã (2009), outro sucesso seu no teatro. O elenco é ótimo e conta ainda com Leopoldo Pacheco, Sylvio Zilber e Juliana Carneiro Da Cunha. O que falta em Maria do Caritó é frescor, ritmo e boa dose de ousadia. Um humor mais elevado talvez segurasse as pontas, mas o diretor prefere transitar entre o cômico e o melancólico. Para um filme escorado no desejo sexual e embalado pelo universo circense, falta alegria.
Na entrevista em vídeo a seguir, Lilia Cabral e Kelzy Ecard falam de sentimentos universais, e atemporais, que dão base ao filme.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Maria do Caritó
Direção: João Paulo Jabur
Duração: 90 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Brasil, 2019
Elenco: Lilia Cabral, Kelzy Ecard, Leopoldo Pacheco, Juliana Carneiro da Cunha, Gustavo Vaz
Distribuição: Imagem Filmes