Manchester à Beira-Mar

Matt Damon planejava dirigir e estrelar Manchester à Beira-Mar a partir de uma história que escreveu em parceria com John Krasinski (Um Lugar Silencioso). Mas seu cronograma de filmages em Perdido em Marte obrigou o astro a assinar apenas como produtor e passar o bastão para Kenneth Lonergan (Conta Comigo), também autor do roteiro.

Sinceramente, não dá para imaginar ninguém a não ser Casey Affleck na pele de Lee Chandler, zelador de um prédio em Boston que volta à cidade natal para resolver pendências após a morte do irmão (Kyle Chandler). E a principal delas é o aviso no testamento de que deve ser o guardião do sobrinho, Patrick (o então novato Lucas Hedges, de Boy Erased: Uma Verdade Anulada), que recebeu indicação ao Oscar de coadjuvante pelo papel. 

Há uma força maior na resistência de Lee em permanecer na bela cidade costeira, e o motivo se revela em uma sequência de cortar o coração. A convivência com Patrick rende singelas cenas cotidianas. Um comentário feito pelo jovem no ensaio de sua banda de garagem ou o sorriso que se insinua na boca de Lee durante um passeio de barco dizem muito sobre os personagens. É um trabalho magnífico de roteiro, que investe nos detalhes e demanda o olhar sensível do espectador.

Mas irretocável mesmo é a hipnótica performance de Casey Affleck (irmão de Ben Affleck), que ganhou o Oscar de melhor ator depois de concorrer como coadjuvante por O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (2007). Ele vai muito longe psicologicamente e leva o público junto em uma jornada dura e inesquecível. O elogio se estende à Michelle Williams (Depois do Casamento), que tem poucas cenas como a ex-mulher do protagonista, mas se entrega de corpo e alma em cada uma delas.

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