A engenhosidade com que Homem-Aranha no Aranhaverso (2018) introduziu o multiverso ao Universo Cinematográfico Marvel (MCU) foi aclamada com o Oscar, o Globo de Ouro, o Bafta e outra dezena de prêmios na categoria animação. Em 2019, Vingadores: Ultimato consolidou o conceito de mundos alternativos e deu o pontapé para a Fase 4 do MCU. Explorar realidades paralelas tornou-se via de regra em produções da Marvel, na telona e na telinha, até o ponto de saturação.
Foi preciso outra animação para provar que ainda há genialidade no multiverso. Homem-Aranha: Através do Aranhaverso comete a proeza de superar o primeiro. O público reagiu da melhor forma possível e a produção fez cerca de US$ 685 milhões na bilheteria muncial, segundo o site Box Office Mojo. A taxa de aprovação no site Rotten Tomatoes é de 96%. Não poderia ser diferente. É espantoso o nível de complexidade do segundo capítulo da saga de Miles Morales (Shameik Moore), o Homem-Aranha que não era para ser.
Seria injusto debitar o feito às mil e uma possibilidades que a animação permite, porque a ideia nasceu das mentes brilhantes dos roteiristas Phil Lord, Christopher Miller e David Callaham, que armam um emaranhado de imagens difíceis de assimilar. E isso é fascinante, porque o estilo psicodélico é reflexo de uma narrativa que expande a realidade do primeiro filme. A morte de Peter Parker, a improvável transformação de Miles em Homem-Aranha, e a descoberta de outras quatro encarnações do herói – Gwen Stacy, Homem-Aranha Noir, Porco-Aranha e a garotinha Peni Parker – são fichinha diante da pluralidade em Através do Aranhaverso.
Miles continua sem saber como equilibrar a rotina de estudante no Brooklyn com a de salvador da pátria, e ainda mantém a situação em segredo dos pais. A presença do vilão Mancha não entusiasma, mas sua habilidade de criar portais e se teletransportar garante um início agitado. A trama ganha alma no reencontro de Miles com Gwen (Hailee Steinfeld), em uma sequência lírica e eletrizante. É ela quem o introduz a uma sociedade secreta de Homens-Aranhas.
O herói é confrontado por questões existencialistas. Reflete sobre destino, individualidade e coletividade nesse multiverso habitado por aracnídeos que, como ele, trazem consigo suas bagagens pessoais. O rito de amadurecimento é também momento de decisão: seguir os códigos da sociedade ou escrever a própria história. É um processo e a terceira parte, Beyond the Spider-Verse (Além do Aranhaverso), chega em 2024. Vai saber o que mais os produtores serão capazes de inventar no multiverso.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Homem-Aranha: Através do Aranhaverso / Spider-Man: Across the Spider-Verse
Direção: Joaquim Dos Santos, Kemp Powers, Justin K. Thompson
Duração: 140 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2023
Elenco: Com as vozes originais de, Shameik Moore, Haille Steinfeld, Oscar Isaac, Daniel Kaluuya, Jason Schwartzman, Brian Tyree Henry, Luna Lauren Velez
Distribuição: Sony Pictures