Foram 12 indicações ao Oscar e 5 estatuetas, inclusive de melhor filme e ator. Gladiador (2000) marcou o auge da carreira de Russell Crowe. Sob a vigorosa direção de Ridley Scott, o filme prestou homenagem a épicos como Ben-Hur (1959) e Spartacus (1960), cujas tramas de vendeta bradavam contra a tirania. Duas décadas depois, Gladiador II chega com pompa e circunstância, mas dá uma inesperada guinada ao flertar com o universo do videogame. Tubarões, rinocerontes e macacos criados por CGI invadem o Coliseu, em uma atmosfera que destoa do realismo do original.
O avassalador confronto que termina com a morte de Maximus (Crowe) e do imperador Commodus (Joaquin Phoenix) é memorizado na estilosa abertura da segunda parte. O foco agora se desloca para Lucius, fruto proibido de Maximus e Lucilla (Connie Nielsen). Enviado pela mãe para viver em segurança na Numídia, na costa norte da África, Lucius ressurge adulto e na pele de Paul Mescal, que ganhou o papel após encantar o diretor como protagonista da série Normal People. A vida ao lado da amada é interrompida por uma invasão romana liderada pelo general Marcus Acacius, atual marido de Lucilla. Pedro Pascal encarna esse personagem, que surpreende ao questionar as injustiças do império.
Quem leva Lucius de volta a Roma é o dúbio Macrinus. Denzel Washington se esbalda como esse agitador que brilhou nas arenas e agora seleciona gladiadores para a selvageria. Não é apenas a força e a destreza de Lucius que chamam sua atenção. Há algo de nobre e intrigante no prisioneiro, cuja erudição impressiona os caóticos irmãos e imperadores Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger). Despreocupado com a fidelidade histórica, Ridley Scott ergue um circo humano que supera o espetáculo da bicharada no Coliseu.
Gladiador II tropeça em um roteiro que recicla fórmulas do original e de outros clássicos do gênero. Intrigas, traições, romance, assassinatos e redenção compõem um pacote sem novos ingredientes. O ponto forte está na grandiosidade da produção e no elenco, que entrega atuações na mesma escala épica. Por que, então, quebrar a magia de uma viagem cinematográfica à Roma Antiga com apelativo uso do GCI? É uma ruptura visual que contrasta com a autenticidade de cenas icônicas como a corrida de bigas de Ben-Hur (1959), filmada sem efeitos especiais em três meses de trabalho.
Ridley Scott disse que adorou “recriar um mundo que não existe mais” e não descarta uma terceira parte. Mestre em conceber universos que nunca existiram também, como demonstrou nas ficções científicas Alien – O 8º Passageiro (1979) e Blade Runner – O Caçador de Androides (1982), ele mantém intacta sua verve. No site IMDB (Internet Movie Database), o cineasta de 87 anos aparece vinculado a seis novos projetos, com destaque para You Should Be Dancing, cinebiografia do trio musical The Bee Gees. No fim das contas, não é um macaco gerado por computador que vai manchar sua carreira. Que venha Gladiador 3!
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Gladiador II/ Gladiator II
Direção: Ridley Scott
Duração: 148 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, Reino Unido, Marrocos, Canadá, 2024
Elenco: Paul Mescal, Pedro Pascal, Denzel Washington, Connie Nielsen, Joseph Quinn, Fred Hechinger, Derek Jacobi
Distribuição: Paramount
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