segunda, 26 de maio de 2025
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Crip Camp: Revolução pela Inclusão


Crip Camp: Revolução pela Inclusão
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Netflix

O diretor James Lebrecht abre o documentário indicado ao Oscar Crip Camp: Revolução pela Inclusão, narrando ele próprio sua infância e adolescência como cadeirante portador de espinha bífida. Essa anomalia congênita impede a formação integral dos ossos da coluna. Sua última frase antes dos créditos iniciais ganha uma força descomunal: naquele tempo, nos anos 1960 e 1970, “só havia barreiras por todos os lados”. Discriminação, isolamento e institucionalização eram o destino provável da minoria mais populosa dos Estados Unidos. Com Barack e Michelle Obama parceiros da produção executiva, Lebrecht e a codiretora, Nicole Newnham, documentam o status e o movimento de luta pelos direitos humanos dos deficientes através das ações de um grupo de corajosos militantes, liderado por Judith Heumann.

Crip Camp: Revolução pela Inclusão

Lebrecht começa com a sua temporada no Camp Jenet, em 1971, em Catskills, sul do Estado de Nova York. Era um acampamento de verão para pessoas com deficiência que durava de quatro a oito semanas, e o único local do país em que adolescentes e jovens como ele podiam se encontrar, trocar experiências e conviver. As imagens e entrevistas originais em preto e branco são emblemáticas e mostram como o encontro daquele grupo foi determinante para a luta e as conquistas que viriam a seguir. Descrito como um Woodstock por uma das entrevistadas, o Jened oferecia aos campistas não apenas atividades, mas oportunidades de serem e se sentirem acolhidos, acompanhados e respeitados.

No dia em que o cozinheiro teria folga, Judy Heumann reúne o grupo e negocia o cardápio e a participação de cada um na cozinha e no refeitório, já então dona do carisma e da tenacidade da líder do futuro. Foi ela que, anos depois, levou muitos dos colegas do acampamento daquele verão para Berkeley, na Califórnia, onde organizou uma comunidade dedicada a lutar por uma legislação que reconhecesse e regulamentasse os direitos das pessoas com deficiência – de saúde, mobilidade, educação e igualdade.

Crip Camp: Revolução pela Inclusão

O movimento realizou piquetes na frente da casa do ministro encarregado da aprovação da legislação, se fez presente nas ruas e até ocupou um prédio da administração pública por mais de 20 dias, apesar dos cuidados que a situação da maioria dos militantes exigia. Eles contaram, nesse episódio histórico, com a ajuda do movimento Black Panther e da comunidade LGBT, irmanados na luta por um mundo melhor. O documentário foi lançado no aniversário de 30 anos do Ato das Pessoas com Deficiência norte-americano. No Brasil, o Estatuto da Pessoa Com Deficiência foi promulgado em 6 de julho de 2015.

O cineasta, que não podia contar com condução pública para ir ao teatro em que era sonoplasta, e precisava subir as escadas com os braços para sua cabine de trabalho, agora tem uma rampa para se locomover no novo prédio do teatro, construído sob a égide da nova legislação, uma batalha vencida na luta que continua. O precioso documentário é pungente, com primorosos registros imagéticos e depoimentos, editados com excelência em torno do fio condutor do relato pessoal, lúcido, mas não menos comovente, de Lebrecht. É preciso assistir a Crip Camp – Revolução pela Inclusão.  




Trailer

Ficha Técnica

Título: Crip Camp: Revolução pela Inclusão/Crip Camp
Direção: James Lebrecht, Nicole Newnham
Duração: 106 minutos

País de Produção/Ano: EUA, 2020
Elenco: James Lebrecht, Lionel Je Woodyard, Joseph O Conor, Judith Heumann
Distribuição: Netflix

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Fátima Gigliotti

Fátima Gigliotti

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Cinéfila incorrigível, jornalista, editora, professora (não muito), crítica (chatinha) de cinema e audiovisual. Trabalhou no jornal A Folha de São Paulo, na coleção Cinemateca Veja, nas revistas TVA, Ver Vídeo, Set, Querida e Preview.