Bio – Construindo uma Vida é a história de um cientista que vive 111 anos, de 1959 até 2070. Só que ele não aparece. A trama se desenvolve por meio de depoimentos de familiares, professores, amantes, amigos e colegas desse homem que tem uma característica singular: é incapaz de mentir. Há cenas que ilustram partes marcantes de sua longa trajetória, mas ao espectador fica o desafio de montar as peças e criar mentalmente o quebra-cabeça.
Maria Fernanda Cândido, Maitê Proença e Marco Ricca estão entre os 39 atores e atrizes que apresentam o protagonista e suas experiências, da gestação até a morte. No Festival de Gramado 2017, Bio recebeu os prêmios de Melhor Filme pelo Júri Popular, Prêmio Especial do Júri pela Direção de Atores e de Melhor Desenho de Som.
Conversamos com o diretor e roteirista Carlos Gerbase, que dá mais pistas para decifrar essa obra enigmática.
De onde veio a ideia de Bio?
CARLOS GERBASE – É o resultado da minha migração pelo gênero documentário. Sou ficcionista, mas gosto muito e dou aula de documentário na universidade. Então tive a ideia de usar a estrutura do documentário para montar uma ficção. Eu brinco que, mais que um falso documentário, é um documentário impossível, porque não documenta o passado e sim acompanha os eventos na medida em que eles acontecem. Começa como um filme de época e termina como uma ficção científica. Como cineasta, acho que fiz uma insólita mistura de Eduardo Coutinho com David Lynch.
Por que decidiu pela idade elevada, de 111 anos?
Achei muito clichê terminar quando ele fizesse 100 anos, então brinquei com essa possibilidade de especular um futuro. Já 1959, o ano em que ele nasceu, é o ano em que nasci. Então há um pouco da minha vida e da de pessoas que conheço. O roteiro é racional e intuitivo, nem tudo se explica. Achei interessante pensá-lo como um biólogo estudioso em especial de bugios, macacos bastante comuns no sul do Brasil. Através dos animais, ele quer chegar ao lado mais instintivo do ser humano. Ele busca um maior conhecimento sobre a vida no nosso planeta e até fora dele.
A narrativa é um quebra-cabeça, não?
Tentei montar esse quebra-cabeça com 13 cenas, cada uma com começo, meio e fim. Bio nada mais é que uma reflexão sobre a vida, sobre aquilo o que a gente controla, ou não. Quis cobrir a concepção, os primeiros anos, a formação religiosa, a vida profissional, amorosa....
A única hora em que o filme se descola do documental é justamente nas cenas sexo e nudez.
Sim, porque são momentos decisivos na vida dele. As emoções e os sentimentos muitas vezes são mais determinantes que elementos racionais e cognitivos. E esse cara tinha uma certa dificuldade para se relacionar, até pelo fato de só conseguir falar a verdade. Ele é traído, mas trai também. Está sempre enrolado com as mulheres e são os romances que mais definem as transformações em sua vida.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Bio - Construindo Uma Vida
Direção: Carlos Gerbase
Duração: 105 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Brasil, 2017
Elenco: Marco Ricca, Maitê Proença, Maria Fernanda Cândido, Werner Schünemann, Rosanne Mulholland, Tainá Müller, Sheron Menezzes
Distribuição: Bretz Filmes