Arkansas

Embora um elenco de grande porte não seja garantia de qualidade, deve haver algo de interessante numa produção capaz de atrair Liam Hemsworth (Megarromântico) e Vince Vaughn (Até o Último Homem) como protagonistas, e os veteranos John Malkovich (Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal), Vivica A. Fox (Independence Day: O Ressurgimento) e Michael Kenneth Williams (Olhos que Condenam) em inspiradas participações. Todos, sem exceção, no papel de traficantes de drogas nada incomodados com tiros, traições e gráficos assassinatos, quando necessários – ou não.

Quem os conecta é o diretor e roteirista estreante Clark Duke, ator de Kick-Ass e A Ressaca, que adapta o romance de John Brandon. O título remete ao estado natal do cineasta, situado no sul dos Estados Unidos, na divisa com o Mississippi. Com sua veia cômica e persona extravagante, Duke articula diversão, violência e niilismo num thriller criminal estilizado, entre a paródia e a ironia. Ecoa a obra dos irmãos Coen e de Quentin Tarantino, dizem alguns críticos. Não é para tanto, mas Arkansas é curioso.

Acompanha a trajetória do calado e durão Kyle (Hemsworth), que é promovido no esquema de tráfico liderado pelo enigmático Frog (Vaughn). Transferido para o Arkansas, é obrigado a fazer dupla com o verborrágico e inconveniente Swin (Duke). Os dois devem trabalhar sob o comando do aloprado guarda florestal Bright (Malkovich) e cuidar da manutenção do parque sob a responsabilidade dele, como aprendizes, para corroborar o bom disfarce. Quem dá as dicas de entregas das drogas é Ela (Vivica), a única que parece conhecer a identidade de Frog.

A trama é dividida em cinco atos cadenciados, apresentados por letreiros vermelhos, um deles dedicado à iniciação de Frog no tráfico. A segunda parte ganha um certo tom de comédia de situações, não fosse a violência exagerada e explícita, quando uma das missões da dupla dá errado. A partir daí, os erros vão se somando até ameaçar suas vidas e da namorada grávida de Swin, além de provocar o inevitável confronto com Frog. O mais curioso é que, nos entremeios da ação, seja nos pensamentos dos personagens ou em seus diálogos, Duke faz uma crítica inusitada ao modo de vida preconizado pelo “sonho americano” e ao iminente fracasso do que ele representa.

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