A editora Harper Collins acaba de lançar Quem Traiu Anne Frank?, versão em português do romance de Rosemary Sullivan sobre a identidade do delator do esconderijo em Amsterdã, que abrigou Anne Frank e sua família entre 1942 e 1944. Passados 77 anos da morte da autora do diário mais famoso da história, Anne Frank continua na ordem do dia também no cinema. Estreia da Netflix, a produção holandesa Anne Frank, Minha Melhor Amiga adapta o livro de Alison Leslie Gold, inspirado nas memórias de Hannah “Hanneli” Goslar, amiga de escola do maior ícone do Holocausto.
O diretor Ben Sombogaart fez visitas frequentes à ex-enfermeira, hoje com 93 anos e residente em Israel. Da mescla da narrativa literária com os relatos da sobrevivente molda-se essa história comovente. Há situações tão impressionantes que soariam como licença poética não fossem corroboradas pela própria Hanneli. As duas eram alemãs cujas famílias se refugiaram em Amsterdã no início dos anos 1930, após a ascensão de Hitler a líder da Alemanha Nazista. Ali elas cresceram e se tornaram inseparáveis. A calmaria terminou com a invasão da Holanda, em 1940. A trama se alterna entre dois períodos. Em 1942, com as amigas no auge da adolescência, e em 1945, no campo de concentração Bergen-Belsen, onde ficaram em áreas diferentes.
Hanneli é interpretada por Josephine Arendsen, revelada no premiado Meu Extraordinário Verão com Tess. Sob seu olhar, Anne (Aiko Beemsterboer) é uma garota geniosa, precoce e muito interessada em meninos. Embora sejam obrigadas a usar a estrela amarela costurada na roupa como distintivo judaico, elas ainda circulam com certa liberdade pela cidade. A ingenuidade desse momento quebra-se com as sequências no campo. Por estar em uma seção reservada a judeus que seriam trocados por prisioneiros alemães, Hanneli e Gabi, sua irmã caçula, viveram em condições melhores que Anne e a irmã Margot. Uma cerca separava os blocos e o arriscado contato entre as amigas parece fictício, mas aconteceu de verdade.
O cineasta holandês não tem a intenção de chocar e nem de focar nos horrores do genocídio. Anne Frank, Minha Melhor Amiga traz a perspectiva da inocência, de alguém que revisita o trágico passado com a mente e o coração apaziguados pela superação. A memória de Anne Frank é honrada com carinho fraterno e filmes como esse mantém sua chama acesa. Outra produção recente a que vale assistir, também disponível na Netflix, é o documentário #Anne Frank - Vidas Paralelas. A atriz Helen Mirren lê trechos de O Diário de Anne Frank na mesa onde foi escrito, no esconderijo em Amsterdã. Em paralelo, uma jovem visita lugares marcantes da vida de Anne, a começar pelo campo de concentração de Bergen-Belsen.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Anne Frank, Minha Melhor Amiga/Mijn beste vriendin Anne Frank
Direção: Ben Sombogaart
Duração: 103 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Holanda, 2021
Elenco: Josephine Arendsen, Aiko Beemsterboer, Roeland Fernhout, Lottie Hellingman
Distribuição: Netflix