AnneFrank - Vidas Paralelas

É de olho na nova geração, consumidora voraz da Netflix, que #Anne Frank - Vidas Paralelas chega à mais popular das plataformas de streaming. No próximo 2 de setembro completam-se 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Já são poucos e bem idosos os sobreviventes do Holocausto, as testemunhas vivas da Shoah, o extermínio de cerca de 6 milhões de judeus durante o regime nazista. Ao resgatar a adolescente Anne Frank (1929-1945), o maior ícone desse genocídio, as diretoras Sabina Fedeli e Anna Migotto pretendem deixar sua chama acesa entre os jovens, e com ela a memória de um horror que não pode ser esquecido.

O documentário faz o elo entre passado e presente em três frentes. A Dama Helen Mirren, que tão bem interpretou uma refugiada judia em A Dama Dourada, lê trechos de O Diário de Anne Frank. Com um detalhe: ela está no Museu Anne Frank em Amsterdã, a casa que serviu de esconderijo para Anne e sua família por dois anos. Helen senta-se no quarto onde a garota escreveu o diário que ganhou em seu aniversário de 13 anos, em 1942. Não são raras as vezes em que a atriz perde o fôlego diante das palavras de Anne para uma amiga imaginária, Kitty.

No presente, uma jovem fictícia de nome Katerina (Martina Gatti) visita lugares marcantes da vida de Anne, a começar pelo campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha, onde ela e a irmã Margot morreram, vítimas de tifo. Em uma inversão da amiga invisível, Katerina se conecta com Anne por mensagens em sua página do Instagram. Na terceira ponta estão Sarah Lichtsztejn-Montard, Arianna Szörenyi, Helga Weiss e as irmãs Andra and Tatiana Bucci, cinco sobreviventes que eram tão jovens quanto Anne na época. Seus testemunhos vão das lembranças do horror à retomada da vida, com filhos e netos que agora recebem o bastão para manter essa terrível página da História preservada.  

Nem sempre as narrativas paralelas convergem com naturalidade. Principalmente o segmento da turista, que esbarra em artifícios dramáticos e estilísticos – como o constante uso de hashtags. Mas se atrair a atenção da juventude, já valeu. É na embargada voz de Helen Mirren, porém, que vem a emoção maior, ao ler os dizeres premonitórios de Anne Frank em seu diário: ”Não quero ter vivido em vão, como a maioria das pessoas. Quero ser útil, ou trazer diversão a todos, mesmo àqueles que nunca conheci. Quero continuar vivendo, mesmo depois da minha morte”.

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