Alguém Avisa?

No cinema norte-americano, é quase via de regra as duas datas mais “familiares do ano”, Dia de Ação de Graças e Natal, inspirarem filmes sobre encontros de clãs disfuncionais. A comédia dramática Alguém Avisa? é novidade pra este Natal. Se não escapa dos clichês, ao menos traz uma dose de inovação com o par central, Abby e Harper, interpretadas por Kristen Stewart (As Panteras) e Mackenzie Davis (O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio).

As duas moram junto, estão apaixonadas e Abby pretende dar o próximo passo e pedir Harper em casamento. Órfã de pais, mortos em um acidente quando tinha perto dos 20 anos, ela aceita o convite de Harper para passar o Natal com sua família, e decide aproveitar a ocasião para presenteá-la com um lindo anel de noivado. Acontece que durante a viagem cai a bomba: os futuros sogros não sabem do namoro e não sonham que a filha seja lésbica.

O choque de realidade aumenta a voltagem quando Abby se depara com o pai da amada (Victor Garber, O Preço da Verdade – Dark Waters) em plena campanha política, e a mãe (Mary Steenburgen, Do Jeito que Elas Querem) determinada a reaproximar a filha de um antigo namorado. As duas irmãs de Harper não contribuem, pois há uma constante competição entre as três para agradar os pais. A voz da razão vem de John (Dan Levy), o melhor amigo de Abby e alívio cômico, que faz os comentários mais espirituosos.

A diretora e corroteirista Clea DuVall arma uma comédia de situações, através das quais Abby começa a ter outro panorama da relação e da própria Harper, que revela faces até então desconhecidas. O clímax na noite de Natal, com um confronto físico entre as irmãs, é de uma falta de sutileza gritante. O desfecho simplista é dos mais previsíveis. Nem tudo, porém, está perdido.

Além da carismática dupla de protagonistas, Alguém Avisa? ganha pontos por não se deixar rotular como romance gay. A própria cineasta, homossexual assumida, pediu às suas estrelas que apenas interpretassem duas pessoas apaixonadas. Essa é uma história de autoaceitação, mas não só. O peso de viver sob à expectativa dos pais, e se moldar aos ideais deles, é o grande desafio da família disfuncional retratada aqui.

Ficha Técnica

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