A Fera

Idris Elba desistiu de interpretar 007. A notícia do The Sun deixou desolados os fãs do astro britânico e reabriu a bolsa de apostas no substituto de Daniel Craig como James Bond. Mas a verdade é que Elba tem projetos aos borbotões. Continua nos cinemas como o Heimdall de Thor: Amor e Trovão, e agora se aventura pela savana africana na estreia A Fera. Depois de tubarões, baleias, crocodilos, anacondas e piranhas, o monstro animal da vez é um Rei Leão versão Scar, e não Mufasa.

O filme abre com uma chacina de leões por um grupo de caçadores. Sobra um. Pois é... Pouco depois chegam por ali o Dr. Nate (Elba) e as duas filhas. Viúvo, ele pretende se reconectar com as adolescentes no lugar onde se apaixonou pela esposa. O sul-africano Sharlto Copley (Distrito 9) faz um antigo amigo da família e biólogo da natureza selvagem que os recebe na reserva que gerencia. Basta uma saída do grupo em um safari para o leão, ensanguentado pelos restos de outras vítimas, atacar. Problema: como torcer pelos humanos se o felino é quem teve seu bando destroçado em primeiro lugar?

Ao investir na selvageria de um vilão que na verdade exerce seu instinto de defesa, o diretor Baltasar Kormákur coloca o espectador em um dilema que compromete a experiência. Para complicar, é uma chateação o blá-blá-blá clichê entre pai e filhas. Mas nem tudo está perdido em A Fera. O cineasta islandês é expert em histórias de sobrevivência inspiradas em casos verídicos. Basta lembrar do pesqueiro naufragado em Sobrevivente (2012), do drama dos alpinistas de Evereste (2015) e do casal no meio de um furação em alto-mar em Vidas à Deriva (2018).

Desta vez o enredo é fictício, ou nem tanto, porque no fim do século 19 dois leões promoveram uma carnificina no Quênia, com 135 mortos. Seus apelidos deram título ao filme A Sombra e a Escuridão (1996), com Michel Douglas e Val Kilmer como os caçadores. O leão de A Fera é uma maravilha da computação gráfica, e protagoniza com Elba um confronto físico no estilo do ataque do urso sofrido por Leonardo DiCaprio em O Regresso. Visualmente, é espetacular. A sensação que fica, porém, é de que Idris Elba é areia demais para uma obra rasa como essa.

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