Eu sou da geração que se encantou com a doçura irresistível do mundo e dos olhos do Willy Wonka de Gene Wilder, cantou à exaustão o estribilho dos Oompas-Loompas e acreditou no poder da imaginação da canção Pure Imagination, única indicação ao Oscar do musical A Fantástica Fábrica de Chocolate (disponível nas plataformas Looke, Google Play, Vivo Play, iTunes, YouTube Filmes), lançado em 1971. Mas se tinha alguém que poderia trazer de volta ao cinema a magia dos cupons dourados de Willy Wonka, certamente seria o diretor Tim Burton (Dumbo), com sua opulência visual tão própria e peculiar.
Na refilmagem de A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), Burton preferiu ir direto à fonte, o clássico romance de Roald Dahl, e chamou seu roteirista preferido, John August (Aladdin, Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas), para talhar aos novos tempos Willy Wonka e as cinco crianças que ganham o direito de conhecer a sua fantástica fábrica. O cineasta também trouxe o amigo Johnny Depp (Chocolate) e sua companheira Helena Bonham Carter (Oito Mulheres e um Segredo) para o elenco.
A cereja do bolo, ou seria melhor dizer do bombom de chocolate, foi a aposta na química que Depp e Freddie Highmore (as séries Bates Motel e The Good Doctor) tiveram no comovente Em Busca da Terra do Nunca (2004). Como se não bastasse, o diretor ainda recorreu ao veterano Christopher Lee (o temível Saruman das sagas O Senhor dos Anéis e O Hobbit) no papel do pai de Wonka e do narrador, que não existiam no musical original. Mas a história é a mesma: as cinco crianças que encontrarem cupons dourados nos deliciosos chocolates ganham uma visita guiada à fábrica, misteriosamente fechada para o público há anos. Uma delas será a herdeira do império dos chocolates, embora ninguém saiba.
O arranjo não podia ter dado mais certo. Burton e Johnny Depp deram ao filme o característico tom insólito de sua bem-sucedida parceria, e Willy Wonka ganhou uma adorável fragilidade, necessária para vincular a história ao papel primordial da família na felicidade das crianças. É curioso, inclusive, observar como todas as perguntas do afetuoso Charlie (Highmore) para Wonka são sempre relacionadas à infância ou família dele.
Tim Burton manteve o apelo musical em sua adaptação, mas agora são os bizarros Oompas-Loompas que se encarregam das canções, criados por outro colaborador assíduo do diretor, Danny Elfman (Alice no País das Maravilhas). As canções são acidamente críticas aos distúrbios alimentares, à competitividade, à intransigência e à televisão na infância, que os pequenos Augustus, Violet, Veruca e Mike personificam, respectivamente. Além da indicação ao Oscar de melhor figurino e de Johnny Depp ao Globo de Ouro de melhor ator, A Fantástica Fábrica de Chocolate recebeu o BAFTA Infantil de melhor filme, o prêmio Jovens Artistas de melhor filme para toda a família, e indicações de melhor filme no prêmio Teen Choice e Kids Choice.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: A Fantástica Fábrica de Chocolate/Charlie and the Chocolate Factory
Direção: Tim Burton
Duração: 115 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Reino Unido/EUA, 2005
Elenco: Johnny Depp, Freddie Highmore, David Kelly, Helena Bonham Carter, Noah Taylor, Deep Roy, Christopher Lee
Distribuição: Warner Bros.