À Procura do Amor

Linda é uma romântica incorrigível. Tudo o que ela almeja na vida é amar e ser amada, nada mais. Fanny, sua prima, também sonha se casar, mas antes quer estudar. Linda é expansiva, libertária e tem um pai déspota, machista e xenófobo que cria sua prole no chicote. Fanny é tímida, discreta e tem uma mãe que ganhou a alcunha Fujona por abandonar a filha com a tia para se entregar às aventuras amorosas. Se você pensou em Jane Austen ou nas Irmãs Brontë, errou. Ambientada na Inglaterra, a minissérie À Procura do Amor (The Pursuit of Love) é a adaptação do best-seller da britânica Nancy Mitford (1903-1973). Com apenas três episódios de 60 minutos, a requintada produção da HBO Max, em parceria com a BBC, é sob medida para uma maratona rápida.

Não espere apenas por um romance pueril, porque amizade, devoção, inveja e egoísmo compõem esse retrato da mulher no início do século 20. Quem assina o roteiro e comanda À Procura do Amor é a atriz inglesa Emily Mortimer (A Livraria), aqui em sua estreia na direção. Como se não bastasse, ela também interpreta a controversa Fujona. Lily James, que já foi uma Cinderela cheia de personalidade, é a multifacetada Linda. Embora seus românticos ideais soem antiquados à mulher de hoje, suas atitudes são autênticas, atemporais e universais – porém por vezes questionáveis. A impulsividade e autocentrismo de Linda encontram contraponto na comedida e benevolente Fanny (Emily Beecham), sempre pronta para apagar os incêndios da prima. São dois lados da mesma moeda feminina.

A trama abre em 1941, com as duas gravidíssimas em plena Segunda Guerra. Após um breve prólogo, a narrativa volta para o início dos anos 20, para contar as conquistas e os percalços das primas até chegar aquele momento. Chama atenção o desenho dos personagens masculinos e a influência que eles exercem sobre as protagonistas. Interpretado por Dominic West (Colette), o pai de Linda leva uma vida toda para perceber que a rigidez e a repressão só lhe serviram para afastar as filhas, cada uma com sua artimanha para deixar a casa da família. Já o dândi vivido por um divertido Andrew Scott (Uma Beleza Fantástica) promove festas libertinas que introduzem Linda e Fanny em um mundo que nem sabiam existir.

Emily Mortimer não se arrisca na primeira experiência como cineasta. Realiza uma minissérie agradável e voltada para o público feminino, mas não escapa do convencional. O que salta aos olhos, mais do que os enroscos amorosos de suas personagens, é a visão crítica da aristocracia inglesa. Causa incômodo a frivolidade com que tratam a Segunda Guerra. Refugiados em luxuosas casas de campo, eles mantêm a alienada rotina de bailes e caças. Linda precisa se envolver com um militante comunista para tomar consciência – e olhe lá – das injustiças sociais. A diretora dá o recado com humor irônico, sem veneno, mas a cutucada só não sente quem não quer.

Ficha Técnica

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