Romance natalino do ano, Uma Segunda Chance para Amar continua firme nos cinemas, mas os fãs de histórias de amor ambientadas nessa época de festas também têm ótimas opções em streaming. Um filme que não perde o frescor é Simplesmente Amor, que tem um gostinho especial para nós com a presença de Rodrigo Santoro no elenco de grandes estrelas do cinema britânico. A receita de entrelaçar várias histórias e personagens em delicadas jornadas afetivas ou amorosas também deu origem ao juvenil Deixa a Neve Cair, novidade da Netflix. E para fechar a nossa seleção, uma comédia romântica que se passa na época de Natal e Ano Novo, entre Los Angeles e a idílica Surrey, quase uma vila inglesa próxima a Londres: O Amor não Tira Férias. Que o otimismo do romance intercontinental dos dois casais de protagonistas, Cameron Diaz e Jude Law, Kate Winslet e Jack Black, invada 2020! Feliz Natal!

Simplesmente Amor/Love Actually

Richard Curtis é um fenômeno. Foi indicado ao Oscar pelo roteiro de Quatro Casamentos e um Funeral (1994), escreveu também Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) e estreou na direção com Simplesmente Amor (2003), vencedor do BAFTA de melhor ator Coadjuvante para Bill Nighy (Questão de Tempo) que, aliás, afirmou ter-se livrado definitivamente dos temíveis testes de elenco desde o sucesso do filme.

A parceria de Curtis com Hugh Grant (Paddington 2) também rendeu ótimos frutos ao ator, que se tornou astro de inúmeras comédias românticas por mais de duas décadas. Grant se destaca como o primeiro-ministro da Inglaterra, jovem e solteirão, com direito a uma das mais divertidas “dancinhas” do cinema. O político se apaixonar pela desbocada e voluptuosa assistente Natalie (Martine McCutcheon), encarregada de lhe servir chás e bolachas ao longo do dia. Se há altos e baixos, Curtis ganha um bom desconto por ser capaz de contar bem tantas histórias interligadas e reunir um elenco tão estelar. Além de Grant, estão em cena Liam Neeson (MIB: Homens de Preto – Internacional), Keira Knightley (Colette), Colin Firth (O Discurso do Rei), Emma Thompson (Um Ato de Esperança), Chiwetel Ejiofor (O Menino que Descobriu o Vento), Martin Freeman (Sherlock).

Além do primeiro-ministro, há um escritor azarado no amor, uma esposa infeliz, o sujeito apaixonado pela mulher do melhor amigo, um cantor veterano que ganha uns troquinhos com um hit fabricado, o viúvo e seu enteado pré-adolescente às voltas com o primeiro amor, a jornalista solitária e seu irmão doente, e até o casal de tímidos dublês de filme pornô. A embalagem luxuosa conta com trilha sonora pop e cartões portais londrinos como cenário. 

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Deixe a Neve Cair/Let it Snow

O escritor John Green também está na coluna dos fenômenos por conquistar milhões de corações adolescentes, jovens adultos e adultos (por que não?), com seus romances A Culpa é das Estrelas e Cidades de Papel – ambos adaptados para o cinema. Deixe a Neve Cair reúne três histórias, escritas por Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle, todos autores best-sellers. A direção é do inglês Luke Snellin, da série Wanderlust, produção badalada da BBC.

Tudo se passa na véspera de Natal, numa pequena cidade inundada de neve, dentro e nas redondezas da lanchonete (W)affle House, em que amigos e amores vão se encontrar e desencontrar. Julie (Isabela Merced, Dora e a Cidade Perdida) passou numa ótima faculdade, mas não quer ir porque sua mãe está doente. Quando esbarra no cantor pop Stuart (Shameik Moore, Homem-Aranha no Aranhaverso) no trem a caminho de casa, tem uma inesperada e boa surpresa. Dorrie (Liv Hewson, da série Santa Clarita Diet) é a garçonete da lanchonete às voltas com um quase romance homossexual com Kerry (Anna Akana, Homem-Formiga), enquanto sua amiga Addie (Odeya Rush, Dumplin’), a riquinha negligenciada pelos pais, está prestes a levar um fora do namorado.

Já Tobin (Mitchell Hope, Descendents) quer finalmente se declarar para a sua melhor amiga, Angie (Kiernan Shipka, a série O Mundo Sombrio de Sabrina), justamente quando ela parece estar interessada em outro. E a aspirante a DJ Keon (Jakob Batalon, Homem-Aranha: Longe de Casa) é quem vai comandar o som na festa de Natal com todo mundo junto. Circulando entre eles, está a veterana Joan Cusack (Escola de Rock), que ajuda a polícia local com problemas com a neve e circula coberta por uma espécie de chapéu de papel alumínio, bem bizarro. No clima jovem e politicamente correto das produções da Netflix, embalada por uma trilha sonora esperta, a sucessão de clichês não ganha uma costura original. A aposta é no carisma dos atores, um tantinho jovens para bancar a empreitada. Mas a simpatia geral e as mensagens edificantes podem cair bem para uma noite natalina.

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O Amor Não Tira Férias/The Holiday

Romance daqueles que se assumem sem preconceitos com açúcar e com afeto, O Amor Não Tira Férias faz também uma encantadora declaração de amor ao cinema. O veterano Eli Wallach (1915-2014), que recebeu um Oscar Honorário pelo conjunto da carreira em 2011, interpreta Arthur, o roteirista da época dourada de Hollywood encarregado de trazer a aura clássica do cinema para o filme. Na trama, Iris (Kate Winslet, Depois Daquela Montanha) é a jornalista responsável por uma coluna de casamentos de um jornal londrino. O anúncio do casamento do seu crush com uma colega de redação na festa de Natal da firma é a gota d’água de seus desacertos amorosos.

Enquanto isso, em Los Angeles, a ricaça produtora de trailers para cinema Amanda (Cameron Diaz, Mulheres ao Ataque), acaba de descobrir a traição do namorado. Por um serviço da Internet, elas combinam de trocar de casa durante o Natal e o Ano Novo. Com os corações partidos, Iris se hospeda na mansão de Amanda e a americana tenta se encaixar na casinha de boneca de Iris na pequena e gélida Surrey, próxima a Londres. Além do roteirista Arthur, Iris conhece o compositor de trilhas sonoras Miles (Jack Black, Jumanji: Bem-Vindo à Selva). Já amanda Amanda se depara com o irmão de Iris, Graham (Jude Law, Capitã Marvel). O acaso reúne os dois casais, que descobrem ter mais em comum do que imaginavam, apesar de viverem em continentes distantes.

A roteirista e diretora Nancy Meyers (Alguém Tem que Ceder) é uma especialista no gênero, nunca brilhante, mas sempre eficiente na dosagem entre romance e comédia. Mas a cereja do bolo são as conversas entre Iris e Arthur sobre cinema – além de Jack Black numa videolocadora cantando para ela os temas de algumas das trilhas sonoras de filmes famosos.

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