Romances bonitinhos, mas ordinários

Quem não curte um final feliz, mesmo os mais improváveis? Tem hora que o melhor mesmo é investir numa comédia romântica sem grandes pretensões técnicas ou estéticas, a não ser fazer a gente se divertir. Com casais desencontrados, seus amigos solidários – e aqueles nem tanto –, e as famílias que sempre tentam acertar, mesmo errando. Com as voltas e reviravoltas previsíveis que acabam sempre levando para o caminho do amor.

Se esse for o seu caso, sinta-se à vontade para maratonar três comédias românticas fresquinhas, que acabaram de chegar ao streaming. Seja em New Orleans, Little Italy ou na Nova Zelândia, entre adolescentes, jovens ou adultos, o alcance da flecha do Cupido não tem limites. As produções, sim. Amor em Obras, Amor em Little Italy e Crush à Altura têm aquele jeitão largado de filme de sessão da tarde, mas o bom é que não prometem e nem querem ser mais do que isso. Então, aproveite. O amor está no ar!

Amor em Obras/Falling in Love

Sabe aqueles anúncios que costumam pipocar na internet, com oferta de casa e trabalho para imigrantes à beira-mar num país paradisíaco? A arquiteta Gabriela (a cantora e atriz Christina Milian), nova-iorquina e urbanoide até o último fio de cabelo, em crise no trabalho e no namoro, ganha uma mansão em uma bucólica cidade da Nova Zelândia. Sem nada a perder, decide ir conferir o prêmio, transformá-lo numa pousada para renda extra, e voltar correndo para retomar sua vida cosmopolita.

Nem é preciso dizer que ela encontra o casarão caindo aos pedaços e bem mais distante da praia do que gostaria. Sozinha, Gabriela não vai dar conta de arrumar o lugar, mas nada que a acolhedora cidadela não resolva. E a solução aparece na figura do único restaurador-pedreiro local: o reservado e bonitão Jake (o ator australiano Adam Demos, UnREAL), sujeito de passado tristonho que topa ajudá-la na recuperação da propriedade, em troca de sociedade.

Ausente dos cinemas há nove anos, mas ativo na direção de episódios de séries, Roger Kumble (Tudo para Ficar com Ele, Apenas Amigos) segue um bom caminho em Amor em Obras – investe na química e simpatia do casal central para dar alguma consistência a seus dramas pessoais, e salpica a narrativa com divertidas situações deles com os coadjuvantes, inclusive uma inimiga de Gabriela, dona da pousada tradicional da cidade. As belas paisagens contam a favor, e a determinação de Gabriela em utilizar recursos ecológicos, como aquecimento solar, soma mais pontos positivos.

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Amor em Little Italy/Little Italy

Há um quê de saudosismo nessa comédia romântica que se passa no famoso bairro italiano de Nova York. O diretor Donald Petrie, que revelou Julia Roberts em Três Mulheres, Três Amores (1988) e comandou Como Perder um Homem em 10 Dias (2003) e Sorte no Amor (2006), por exemplo, tem um estilo, digamos, old school de filmar o gênero. Entre os atores coadjuvantes de Amor em Little Italy há veteranos adoráveis como Danny Aiello (Faça a Coisa Certa), Andrea Martin (a tia desbocada de Casamento Grego 1 e 2), Alyssa Milano (da série Charmed) e Jane Seymour (Em Algum Lugar do Passado).

A dupla de protagonistas reúne o sumido Hayden Christensen, o jovem Darth Vader de Star Wars Episódio II e III, e a sobrinha de Julia Roberts, Emma (Família do Bagulho). Assim como a receita de pizza de dois clãs italianos, a boa química entre os pombinhos abre o apetite. Nikki (Emma) e Leo (Christensen, maquiado demais para o meu gosto) são os filhos dos proprietários das duas pizzarias mais famosas de Little Italy. Inseparáveis desde a infância, precisaram “brigar” quando os pais se tornaram inimigos.

Ela foi estudar gastronomia em Londres, ele ficou trabalhando com o pai e fazendo drinks no clube de Luigi (Andrew Phung), o simpático chinês gay adotado pela comunidade do bairro. Mas quando Nikki precisa voltar para casa para renovar o visto e assumir a direção do novo restaurante de sua professora, chef de fama internacional, o inevitável reencontro com Leo pode mudar o seu destino e das duas famílias.

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Crush à Altura/Tall Girl

Houve uma época em que Roberto Carlos, o Rei, lançava a cada ano no decano show de Natal da TV Globo uma música nova para cada tipo de mulher – as que usam óculos, as baixinhas, as gordinhas, balzaquianas, quarentonas, e por aí vai. E todas estouravam nas paradas de sucesso. Tem acontecido algo semelhante com as comédias românticas produzidas diretamente para o streaming, em particular pela Netflix.

Depois da nerd desajeitada de Sierra Burgess é uma Looser, da oriental fofa de Para Todos os Garotos que Já Amei (sucessos com Noah Centineo), e da baixinha destemida de A Barraca do Beijo, chega a grandalhona e deslocada Jodi (Ava Michelle, da série Dance Moms), de Crush à Altura. Jodi é MUITO alta e sofre todo tipo de bullying nos corredores da escola. Para piorar a situação, sua irmã mais velha (Sabrina Carpenter, O Ódio que Você Semeia) é miss profissional, o pai (Steve Zhan, O Amor Pede Passagem) é superprotetor e seu melhor amigo Jack (o simpático Griffin Gluck) cultiva um crush por ela há anos. A luz no fim do túnel toma a forma do nórdico Stig (Luke Eisner), novo aluno alto e loiro.

Do grupo de multitalentos do elenco, a estreante Ava Michelle dança balé moderno desde criança, e canta. Outro estreante, Luke Eisner, é modelo e a metade da dupla de pop-rock Voilà. Sabrina Carpenter é cantora e celebridade pop, além de atriz nas horas vagas. São recursos que rendem nas mãos da diretora Nzingha Stewart, com sua experiência em videoclipes musicais. Nada muito mais do que isso, no entanto. Atenção para a canção dos créditos finais, da banda Voilà com participação especial de Ava, uma gracinha.

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