Os livros da trilogia erótica Cinquenta Tons de Cinza, de E. L. James, tornaram-se um fenômeno literário e cinematográfico incomparável. Deve haver algo mais do que o apelo erótico e BDSM (bondage, disciplina, sadismo e masoquismo) para seduzir cerca de 100 milhões de leitores em todo o mundo. É a terceira trilogia mais rentável do cinema, com US$ 1,3 bilhão, atrás apenas de Matrix (US$ 1,6 bilhão), e Se Beber, Não Case! (US$ 1,4 bilhão).
Críticas severas ao estilo literário e à adaptação cinematográfica das obras à parte, esse “algo mais”, além da massiva campanha de marketing, é claro, certamente está ligado ao romance apaixonado, tórrido, nem sempre convencional, mas ainda de (muitos) contos de fadas dos protagonistas. Há “algo mais” ainda no estilo de vida dos personagens, com requintes de consumo, associado a marcas globais, que se tornou, na era tecnológica, um imperativo objeto do desejo.
Mesmo com altos e baixos, a trilogia apresenta um curioso retrato social, cultural e mercadológico de um gênero e de um público, o que por si só já tem o seu interesse e valor.
Romance
Cinquenta Tons de Cinza/Fifty Shades of Grey
O melhor dos três filmes da trilogia, graças à visão artística da diretora Sam Taylor-Johnson (O Garoto de Liverpool), que tinha um imenso desafio: apresentar a versão em carne e osso de Anastasia Steele e Christian Grey. Dakota Johnson (Como ser Solteira) e Jamie Dornan (Robin Hood – A Origem, The Fall) caíram no gosto dos fãs, tornaram-se estrelas imediatamente e um dos casais mais populares das mídias sociais.
Christian Grey, o jovem milionário, solitário, inteligente, seria o partido perfeito, se não tivesse preferências sexuais sadomasoquistas bizarras. Mas isso não parece ser um impedimento para Anastasia, jovem inexperiente, inteligente, pobretona, criada pelo padrasto e prestes a se formar em literatura. O filme acompanha, desde o primeiro encontro casual, o relacionamento amoroso turbulento do casal, regado a aventuras eróticas, desafios e dilemas.
A canção “Earned It” foi indicada ao Oscar e Cinquenta Tons de Cinza arrecadou mais de US$ 570 milhões na bilheteria mundial, recorde imbatível não apenas para um romance, como para filmes indicados para maiores de 18 anos.
Trailer
Ficha Técnica
Título: Cinquenta Tons de Cinza/Fifty Shades of Grey
Direção: Sam Taylor-Johnson
Duração: 128 minutos
País de Produção/Ano: EUA, 2015
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Jennifer Ehle, Eloise Mumford, Victor Rasuk, Luke Grimes, Marcia Gay Harden, Rita Ora, Max Martini
Distribuição: Universal
Romance
Cinquenta Tons Mais Escuros/Fifty Shades Darker
Na direção dos dois capítulos seguintes da trilogia, assumiu James Foley, que já fez bons suspenses como Medo (1996) e bons dramas como O Sucesso a Qualquer Preço (1992), além de dirigir vários clipes de Madonna na fase áurea e ousada da estrela pop. Cinquenta Tons Mais Escuros é mais intimista ao explorar as motivações afetivas de Christian – inclusive apresentando Elena (Kim Basinger), a balzaquiana que o introduziu ao estilo BDSM.
A trama foca também as inseguranças de Anastasia e as más intenções de seu chefe (Eric Johnson), no primeiro trabalho dela como estagiária numa editora. O filme ganhou um certo ar de thriller, com a misteriosa presença de uma mulher do passado do milionário, mas perdeu em sutileza e classe com a direção mecânica de Foley e o roteiro simplório e episódico.
O romance de Christian e Anastasia avança a cada novo conflito e a cada nova aventura erótica do casal, em uma trama agitada por baile de máscaras, assédio sexual e acidente de helicóptero. O segundo episódio pode ter agradado mais a E. L. James, mas arrecadou US$ 200 milhões a menos que o primeiro nas bilheterias.
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Ficha Técnica
Título: Cinquenta Tons Mais Escuros/Fifty Shades Darker
Direção: James Foley
Duração: 118 minutos
País de Produção/Ano: EUA, 2017
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Eric Johnson, Eloise Mumford, Victor Rasuk, Luke Grimes, Marcia Gay Harden, Rita Ora, Max Martini, Kim Basinger
Distribuição: Universal
Romance
Cinquenta Tons de Liberdade/Fifty Shades Freed
Muito se falou da oportunidade narrativa que o terceiro livro da trilogia erótica de E. L. James poderia dar à adaptação cinematográfica, investindo no suspense com a ameaça à feliz e sensual vida conjugal de Christian e Anastasia pela violenta perseguição do ex-chefe dela, Jack Hyde. Muito se falou também do empoderamento e da “rebeldia” de Anastasia no controle do marido dominador, do relacionamento entre eles e até da gravidez inesperada.
Mas nada disso é bem desenvolvido no roteiro ou na direção sem inspiração de Foley, e o livro predileto dos fãs é o mais fraco da trilogia no cinema. Há, claro, o glamour do casamento e a romântica Paris como cenário da lua-de-mel dos sonhos de um casal rico e apaixonado. Há sexo, menos BDSM, viagens a Aspen e, de novo, a marcante trilha sonora.
Dakota Johnson, Jamie Dornan e seus colegas de elenco fazem o que podem para dar alma ao filme, e conseguem até uma certa medida amenizar os prejuízos da produção. Mas é mesmo o (aguardado) final feliz, após a trajetória acidentada, erótica, mas também íntima e amorosa, de Christian e Anastasia, que fecha a trilogia com sucesso, e os mesmos números de Cinquenta Tons Mais Escuros.
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Ficha Técnica
Título: Cinquenta Tons de Liberdade/Fifty Shades Freed
Direção: James Foley
Duração: 95 minutos
País de Produção/Ano: EUA, 2018
Elenco: Com Dakota Johnson, Jamie Dornan, Eric Johnson, Eloise Mumford, Rita Ora, Luke Grimes, Victor Rasuk, Max Martini, Marcia Gay Harden
Distribuição: Universal
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