Que coisa mais linda é Visages, Villages. Foi eleito melhor documentário na Mostra SP2018, venceu o Olho de Ouro no Festival de Cannes e foi indicado ao Oscar. Mais: a codiretora, Àgnes Varda, se tornou a primeira cineasta mulher a ganhar um Oscar honorário pelo conjunto da obra. Àgnes faleceu aos 90 anos, em 29 de março. Sua vida foi longa, produtiva e celebrada. Precursora da Nouvelle Vague, a cineasta, fotógrafa e montadora belga deixa um legado artístico e humano. Este foi seu último longa para o cinema. É imperdível.
Visages, Villages reúne Agnès e JR atrás e à frente das câmeras. A artista tinha 88 anos quando caiu na estrada com o fotógrafo de 34, que tem criado galerias ao ar livre. Não há engajamento político nessa viagem poética em que a dupla cruza a França de Norte a Sul, aberta ao acaso e com um propósito: visitar vilarejos, ver paisagens e, principalmente, conhecer seus habitantes.
O caminhão de JR tem uma cabine fotográfica na traseira, onde ele clica seus personagens e imprime imagens em tamanho gigante, para então fazer colagens incríveis em muros, galpões, caixas de água e até nos restos de um bunker da Segunda Guerra. Mignon e cheia de disposição, Agnès afirmava que a fotografia era uma saída para o vazio da memória, que admitia já estar falha.
Fotos antigas também ganham espaço e através delas a diretora olha para o passado. O cuidado de JR com ela é comovente. A amizade entre esses dois apaixonados pela imagem é daquelas boas surpresas da vida. E o registro de suas conversas ao fim das tardes tem mais valor histórico e emocional do que a concepção das fotos gigantescas que dão liga ao documentário.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Visages Villages
Direção: JR, Agnès Varda
Duração: 94 minutos
PaÃs de Produção/Ano: França, 2017
Elenco: Agnès Varda, JR, Jeannine Carpentier
Distribuição: Fênix