É certamente um ato de coragem de Brad Silberling (Vida que Segue), nos tempos atuais, conceber o roteiro e dirigir uma produção sobre o último canto de um cisne negro, sombrio, mergulhado dos pés à cabeça em atitudes de superioridade e intolerância, um anti-herói por excelência.
O General (Ben Kingsley) é um criminoso de guerra fugitivo, o único responsável ainda não capturado pelo genocídio cometido durante a longa Guerra dos Balcãs e o desmembramento da Iugoslávia, nos anos 1990. Vivendo de esconderijo em esconderijo, com a ajuda de organizações simpatizantes ao seu papel no conflito, ele vai ocupar agora um apartamento em Belgrado. Lá, conhece Tanja (Hera Hilmar), a jovem e reservada empregada, e os dois têm uma convivência tensa e peculiar em meio a confissões e revelações.
Silberling dirige com mão firme, passeia sua câmera por uma Belgrado decadente e acinzentada, apoiado nas ótimas performances de Kingsley e da jovem atriz islandesa Hera Hilmar (Amor em Tempos de Guerra), mas reduz a história a um ponto de vista unidimensional, abrindo frestas para um eventual conflito mais consistente que nunca acontece. É assim que Um Homem Comum se torna, também, um ato de provocação, ao traçar a unanimidade de um personagem tão arrogante e autoritário. Um perigo muito mais à solta do que gostaríamos de acreditar.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Um Homem Comum/An Ordinary Man
Direção: Brad Silberling
Duração: 90 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA/Sérvia, 2017
Elenco: Ben Kingsley, Hera Hilmar, Peter Serafinowicz
Distribuição: A2/Mares