quarta, 16 de julho de 2025
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Um Ano em Nova York


Um Ano em Nova York
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Joanna Rakoff tinha 23 anos em 1995, quando decidiu visitar uma amiga em Nova York, sua cidade dos sonhos. A ideia era voltar logo para Berkeley, na Califórnia, onde morava o namorado. Não foi bem assim. Formada em Literatura Inglesa, Joanna conseguiu emprego na lendária agência literária Harold Ober Associates, representante de autores como F. Scott Fitzgerald, Agatha Christie, William Faulkner e J.D. Salinger. Na época com 76 anos, Salinger exerceu profunda influência na jovem poetisa e aspirante a escritora, uma experiência que Joanna transformou no livro My Salinger Year, adaptado em Um Ano em Nova York, disponível em streaming - na Netflix ganhou o título Meu Ano em Nova York.

Margaret Qualley (Era Uma Vez em... Hollywood) interpreta Joanna e se deixa transportar para aquela década em que a internet ainda começava a invadir a casa e a vida das pessoas. Daí ser curiosa a principal função da personagem: cuidar das centenas de cartas endereçadas a Salinger. O escritor vivia recluso em New Hampshire desde meados dos anos 50, por não saber lidar com o assédio e a comoção provocada por O Apanhador no Campo de Centeio, romance geracional que calou fundo na alma dos adolescentes, que se encontraram no rebelde Holden Caulfield. Salinger parou de responder as cartas pessoalmente no fim dos anos 60, assustado com textos perturbadores e ameaças.

Um Ano em Nova York

Joanna deveria simplesmente pegar o endereço do remetente, picar a carta e enviar uma resposta padrão. Também não foi bem assim. Ela leu as cartas, leu o romance e compreendeu o encantamento e a conexão que Salinger e seu sarcástico e melancólico Holden Caulfield estabeleceram com jovens que, assim como ela, estavam em busca da própria identidade. O diretor e roteirista canadense Philippe Falardeau (A Boa Mentira) conduz a jornada com sensibilidade e uma pitada a mais de açúcar.

A narrativa se movimenta pela vida social de Joanna na Big Apple, o que inclui um novo namorado (Douglas Booth, Mary Shelley), mas especialmente pela dinâmica com a chefe e presidente da agência, Margaret (Sigourney Weaver, Alien). A personagem tem um quê da Miranda de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada, com uma arrogância que não chega a ser malvada. A verdadeira Joanna Rakoff, que foi consultora e presença nos sets, disse em entrevista que entende a postura defensiva de mulheres em cargos de comando naquela época como um manto de proteção em um universo predominantemente masculino. Faz sentido.

Um Ano em Nova York

O elenco afinado é um trunfo de Um Ano em Nova York, mas vale reparar na meticulosa reconstituição dos anos 90. O figurino da protagonista contou inclusive com peças da Joanna real, que resgatou antiguidades do armário e veste uma delas em uma aparição no hall do elevador no fim do filme. Em busca da própria voz autoral, a protagonista encontra em Salinger, com quem falava constantemente ao telefone, o estímulo de alguém que se alimentava da escrita.

Salinger faleceu em 2010, aos 91 anos, mas o fascínio por seu romance seminal continua a conquistar novas gerações. O Apanhador no Campo de Centeio vendeu mais de 65 milhões de cópias pelo mundo, com cerca de um milhão por ano até hoje. Quem quiser conhecer a história do escritor, já fica a dica: a cinebiografia O Rebelde no Campo de Centeio, disponível no Now, iTunes e YouTube.




Trailer

Ficha Técnica

Título: Um Ano em Nova York/My Salinger Year
Direção: Philippe Falardeau
Duração: 101 minutos

País de Produção/Ano: EUA, 2020
Elenco: Margaret Qualley, Sigourney Weaver, Douglas Booth, Seana Kerslake, Brian F. O Byrne, Colm Feore
Distribuição: Memento Films

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Suzana Uchôa Itiberê

Suzana Uchôa Itiberê

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Cinéfila incorrigível, jornalista de plantão, crítica de cinema (não muito) chatinha e editora caprichosa. Cria do jornal O Estado de S. Paulo, trabalhou nas revistas TVA, Set, Istoé Gente e foi cofundadora da revista Preview. Membro da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).