Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, Tunga (1952-2016), foi o primeiro artista brasileiro a expor uma obra no Museu do Louvre, em Paris, em 2005. Atualmente, sua arte ocupa duas galerias permanentes no museu Inhotim (Brumadinho, MG), e integra também o acervo do museu Guggenheim de Nova York e Veneza. Agora, sua vida e obra estão também em Tunga, O Esquecimento das Paixões, de Miguel de Almeida (Não Estávamos Ali Para Fazer Amigos), que prefere classificar o filme como um documentário ficcional.
De fato, estão na produção as raízes de Tunga - a influência do pai, o erudito jornalista e poeta Gerardo Mello Mourão, cuja casa era visitada por pintores como Guignard. Narradas pela voz rouca e marcante de Marina Lima, estão também as concepções e referências do artista plástico sobre a própria arte, a arte e ele próprio, que se amalgamavam em sua obra. Há registros das esculturas, trechos de performances, vídeos e experimentações desse artista multitalentoso, culto e cultuado.
Para fazer jus ao inquietante universo do biografado, o diretor ousa com uma montagem de cenas entrecortadas. Imagens de arquivo, do artista e dos depoimentos entram e saem da tela sem necessariamente completar o seu sentido ou significado, algo que a trilha sonora só enfatiza. É uma estratégia narrativa coerente, mas que falha no propósito de apresentar Tunga para não-iniciados, e acaba seguindo o destino elitista de uma certa arte no mundo e também no Brasil.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Tunga, O Esquecimento das Paixões
Direção: Miguel de Almeida
Duração: 73 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Brasil, 2018
Elenco: Marina Lima (narradora), Arthur Omar, Bernardo Paz, Cildo Meireles, Cosme Tome da Silva, Fernando Sant’Anna, José Mário Pereira, Leonardo Gomes Guimarães, Miguel Rio Branco, Murilo Salles, Paulo Sérgio Duarte (depoimentos)
Distribuição: Cup Filmes