O diretor Fabio Kow é neto de Tsé, apelido da judia polonesa Tsecha Szpiegel. Aos 9 anos, Kow começou a filmar os avós, ambos sobreviventes do Holocausto. Esses registros da família ao longo de quase quarenta anos são alinhavados por fotos, imagens do conflito mundial, belas ilustrações de Leandro Spett e até trechos de filmes musicais clássicos. Ao relato de parentes e amigos soma-se a própria Tsé, em quatro “conversas” gravadas em 2015, pouco tempo antes de ela falecer, aos 88 anos.
A partir de 1939, Tsé passou com os pais e o irmão caçula por bunker, gueto e esconderijos. Até que o pai ficou num campo de trabalho e o resto da família, em 1941, deveria embarcar num trem para o campo de concentração de Sobibor. A mãe de Tsé conseguiu fazer o irmão fugir e ir até o pai, e empurrou a filha adolescente pela janela para fora do vagão, dizendo que iria em seguida. Não foi. Sozinha, ela achou o pai e o irmão, porém logo depois se separou deles também, para sempre.
A Segunda Guerra roubou de Tsé a família, a identidade, a juventude, mas não sua coragem, resiliência e vontade de viver. O amor ela conheceu ao lado de Zeide, soldado que serviu no exército polonês na Rússia. Pouco após o fim da guerra, os dois vagaram pela Europa em busca de um novo lar, mas o encontraram no Brasil, nas ruas do Bom Retiro, em São Paulo.
Com seu relato franco, despojado, afetivo, Tsé é mais do que um documentário. É uma homenagem não apenas a essa mulher de fibra incomparável, mas aos sobreviventes dos conflitos bélicos do passado e do presente, refugiados de suas famílias, de seus lares, imigrantes em terras estranhas, que com uma força descomunal não perdem o amor pela vida e a esperança.
Em tempo: O filme recebeu o prêmio de Excelência no Doc Without Borders Film Festival (Festival de Documentário Sem Fronteiras).
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Tsé
Direção: Fábio Kow
Duração: 84 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Brasil, 2018
Elenco: Tsecha Szpiegel
Distribuição: Pagu Pictures