Treze Vidas

O extraordinário resgate dos meninos da caverna na Tailândia comoveu o mundo em 2018. Conhecer o desfecho não é spoiler, mas um alento. Senão seria quase insuportável assistir a Treze Vidas. A estreia do Prime Video é uma resposta aos que pensavam que o diretor Ron Howard havia perdido a mão, depois dos insossos Han Solo e Era uma Vez um Sonho. A verve meticulosa que trouxe à tela as histórias reais de Rush: No Limite da Emoção, Apollo 13 e Uma Mente Brilhante aflora na recriação da façanha que reuniu mais de mil voluntários de várias partes do mundo.

Com sotaque caprichado, Viggo Mortensen e Colin Farrell dão vida a Rick Stanton e John Volanthen, os veteranos mergulhadores britânicos que lideraram as buscas em colaboração com os socorristas de elite da Marinha tailandesa. Tudo começou no dia do aniversário de um dos jogadores do time de futebol juvenil Javalis Selvagens. Depois de uma partida e antes de ir para a festa, os 12 meninos, entre 11 e 17 anos, e seu técnico, de 25, foram celebrar na caverna Tham Luang, onde costumavam explorar as grutas. Foram surpreendidos por uma tromba d'água fora de época que inundou o local quando estavam a cerca de quatro quilômetros da saída.

Do ponto de vista dramático, Howard tinha em mãos a tempestade perfeita, pela variedade de percalços enfrentados pelas equipes na operação que levou 18 dias. Treze Vidas retrata a tragicidade da situação em tom documental e naturalista. Não há espaço para melodrama. Embora o ponto de vista seja mais centrado nos mergulhadores, não há foco em um personagem. É da corrente de solidariedade diante de cada desafio que vem a emoção. Consultor da produção, o verdadeiro Stanton treinou Mortensen e Farrell. Eles recusaram dublês, enfrentaram ataques de pânicos, mas mergulharam entre túneis estreitos e bolsões de ar no claustrofóbico cenário cavernoso construído em um gigantesco tanque. 

O filme dura quase 2h30min. Acredite, não dá para desgrudar os olhos, porque as condições extremas mantêm o suspense. Encontrar os garotos e o técnico vivos gerou euforia, porém deflagrou um problema ainda maior: como retirá-los daquele labirinto rochoso em um trajeto de deslocamento submarino quase impossível. Não vale aqui adiantar os pormenores do resgate, mas o enredo cobre a força tarefa dentro e fora da caverna. Produtores de vilarejos rurais, por exemplo, abriram mão da colheita anual para que parte da água que invadiria a caverna por rochas porosas fosse redirecionada para suas plantações em dutos artesanais.

A vigília das famílias, de curiosos e da imprensa cria um estado de espírito esperançoso. Essa aura de união, fé e doação toca forte no espectador. Eleva os sentimentos também ver como o jovem técnico conseguiu manter a calma dos meninos, que enfrentaram fome, frio e escuridão por dez dias até serem descobertos. Há no YouTube inúmeros vídeos de bastidores de Treze Vidas (Thirteen Lives), que dão a dimensão dos sets montados em um angar de avião, e da complicada filmagem das cenas de mergulho. A recepção tem sido calorosa. No site Rotten Tomatoes, está com 94% de aprovação.

Ficha Técnica

Assista Agora!